Ayrton Seixas
O azul
dominante de outrora agora é escuro e companheiro de lixo urbano, garrafas pet
e cascas de toneladas de côco vendidos nos fins de semana em toda a orla da
praia e arredores.
A
feérica iluminação da harmoniosa arquitetura do antigo e famoso Cassino Icaraí
virou uma “feira de amostras” de anexos aleatórios, que ignoram as tradições da
arquitetura dos anos passados.
De minha
infância e adolescência, resta apenas lembrar do Campo de São Bento, do Cinema
Icaraí, hoje um misterioso refúgio de fantasmas materializados pelo abandono e
alimentado por demagógicas declarações políticas despidas de verdade.
Não
quero ser chamado de saudosista, mas até hoje tenho dúvidas quanto à
masculinidade rebolativa do “Zé Carioca” de Walt Disney e o patriotismo caboclo
de Carmen Miranda, que transformoua baiana de Salvador em árvore de Natal “made
in USA”. Alguém deve lembrar da bola pesada jogada em frente ao Clube
Central e do navegador solitário, que brilhava com o médico
de alta competência e atleta autêntico – Dr. Kastrupp.
Termino
fazendo um apelo aos jovens de hoje: - Salvem Icaraí. Nelson Rodrigues dizia
que o único defeito da juventude é não ter passado. Está na hora de, enquanto
deixarem, salvar o passado para garantirem uma velhice com saudade, mas
felicidade por ter vivido.
Se o que
escrevi desagradou a alguns, peço desculpas. Os que recordarem tanta coisa com
as minhas palavras, meu muito obrigado. Não mudarei mais minhas ideias, pois
não tenho mais temores.
Ayrton
Seixas é médico, psiquiatra, artista plástico e jornalista, e tem 80 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário