quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Itaipu - "Pedra que canta"

 Por Jorginho Bellas
Em 1970, companhando meu pai, Jorge Bellas, aos meus 7 anos de idade, aportei neste paraíso de águas calmas, limpa e de uma beleza natural inigualável.Com vista para a Praia de Copacabana, Pão-de-Açúcar e para o Cristo Redentor, que é uma das sete maravilhas do mundo, a Praia de Itaipu, em sua Vila dos Pescadores, tem a pesca e o comércio deste pescado como base da sua economia. A maneira como desfrutar deste presente da natureza fica a critério do visitante: desde frequentadores assíduos a turistas de primeira viagem têm a oportunidade de levar um peixe fresquinho para suas casas e elaborarem o seu próprio preparo ou, então, saboreá-los nos diversos bares e restaurantes de alta qualidade, especializados em frutos do mar, que a Praia de Itaipu tem a oferecer. A culinária local é bastante familiar, passada de geração em geração, o que acabou tornando uma tradição degustar um enorme cardápio de frutos do mar , contemplando um pôr-do-sol que está entre os mais belos do mundo, e, claro, acompanhado de uma boa cervejinha gelada.
Para tornar esse passeio mais especial, a Praia de Itaipu conta com a história local. O visitante tem a oportunidade de conhecer a história da Igreja de São Sebastião, fundada  pelos  Jesuítas em 1722, e o Convento de Santa Tereza, onde hoje abriga o  Museu  Arqueológico  de  Itaipu. E, dando aquela última pincelada na obra da natureza, a  Duna  Grande, que é um sítio arqueológico, e a  Serra da Tiririca dão um toque especial de beleza, romantismo e nostalgia a nossa praia.
Cronologia e fatos marcantes
- 1716 – Já existia uma Capela destinada a atender a comunidade dos  pescadores  e  índios  catequizados.  Sua  fundação  Jesuíta foi dedicada a São Sebastião, sendo promovida à Paróquia de São Sebastião de Itaipu em 1722, atualmente, muito bem representada pelo  Padre Casemiro e Padre Juliano.
- 1920 – a  Festa de São Pedro foi criada em 1920 pela tripulação de seu Manduca.
- 1921 – Fundação da Colônia de Pescadores pelo Almirante Frederico Vilar, o qual foi responsável pela Fundação de todas as Colônias de Pescadores no Brasil.
- 1958 – A atual Praia de Camboinhas, era uma extensão da Praia de Itaipu.  O nome Camboinhas, teve origem com um acidente naval  ocorrido em junho de 1958 onde um cargueiro  chamado  Camboinhas, encalhou,  na Praia que fazia parte de Itaipu, passando assim a se chamar esse trecho de Camboinhas.  Em meados da década de 1970 é construído  o Canal de Itaipu que liga o mar a Lagoa de Itaipu, separando assim a Praia de Itaipu da Praia de Camboinhas.
- 1961 – neste ano a União cedeu o Canto Sul da Praia de Itaipu para os Pescadores tradicionais sob administração da Colônia.

Do Comércio
Na década de 50, o comércio em Itaipu era basicamente para atender a demanda local, onde mercearias bem primárias atendiam os moradores (pescadores), como no caso do Sr. José Bonifácio (avô do Seu Chico) e Seu Lelêgo, muito lembrado por vender  fiado aos moradores.
Nos  anos 60/70, a pensão da Tia Joana (atualmente Bar da Tia Joana), o Bar e Restaurante Varandão e o Bar Último Furo (famoso pelos seus bolinhos de peixe) chamaram a atenção de turistas, que passaram a frequentar cada vez mais.
A partir dos anos 80, com uma demanda cada vez maior, muitos pescadores passaram a dividir seus ranchos (barracões) com seus barcos, abrindo lugares para colocar mesas e vender seu peixe já preparado para ser consumido no local. A princípio, seus familiares (mulher e filhos) eram a mão de obra, desenvolvendo, assim, uma culinária original e tradicional da nossa Praia de Itaipu. Neste momento, surgia o Pólo Gastronômico, especializado em frutos do mar, no qual podemos citar alguns bares e restaurantes mais antigos que preservam a qualidade tradicional de sua culinária até os dias atuais, entre eles, destacamos o Bar e Restaurante do Jorginho, Panela Furada, Casa da Sogra, Bar do Paulinho, Bar da Déia, Léo Velasco, Sabino’s, Canoas, Tia Joana e Varandão.
Não poderíamos deixar de mencionar o Grupo Garoupa que era formado por mergulhadores, pescadores e frequentadores  da Praia de Itaipu, que tiveram grande influência nas melhorias de infraestrutura e interação social no fim dos anos 70 e no decorrer dos anos 80, os quais promoveram a Festa de São Pedro, famosa até hoje, em um grande evento turístico da Cidade de Niterói.
Com o aumento da frequência turística, comerciantes, pescadores e moradores se uniram em busca de soluções e ordenamento para a preservação do local, surgindo, assim, associações como a ACOMPI (Associação de Comerciantes e Moradores da Praia de Itaipu), ALPAPI (Associação Livre de Pescadores e Amigos da Praia de Itaipu) e AMAITA (Associação de Moradores de Itaipu) gerando  uma maior interação com o Poder Público, como a Prefeitura de Niterói, SEDRAP, SPU, INEA, MPF entre outros. Sempre em busca de meios para melhorar o desenvolvimento econômico, preservando o meio ambiente através da sustentabilidade.
Dentre várias ações, podemos destacar duas conquistas recentes oriundas dessa união: a RESEX (Reserva Extrativista Marinha de Itaipu) e o Projeto Pequenas Dunas de Itaipu.
A  RESEX, Reserva Extrativista Marinha de Itaipu, foi uma conquista dos pescadores tradicionais, apoiados pela maioria dos moradores e comerciantes da Praia de Itaipu, cujo propósito é defender seu modo de vida e a manutenção de sua cultura.
O Projeto Pequenas Dunas de Itaipu é uma integração sócio educativa desenvolvida pela Igreja de São Sebastião de Itaipu, representada pelo Padre Casimiro, em parceria com o Museu Arqueológico de Itaipu e com as Associações  de comércio, moradores e pescadores da Praia de Itaipu, a partir da qual será realizado o plantio de restinga, revitalizando a vegetação nativa, com o objetivo maior de preservar o meio ambiente.
É mister salientar que o Projeto Aruanã, representado pela bióloga e pesquisadora Suzana Guimarães e sua equipe, realizam o importante papel de cuidar, acompanhar e preservar as tartarugas marinhas que habitam a Praia de Itaipu há uma década.
Com um histórico tão rico e uma tradição que atravessa séculos, eu, Jorginho Bellas, tenho muito orgulho de ser um cidadão niteroiense e fazer parte da história de Itaipu. 
Jorginho Bellas é presidente da Associação do Comércio e Moradores de Itaipu


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