Por Renato Barreto (Rio Blues)
Hoje fui
surpreendido por um pedido inusitado do meu amigo e irmão Mario Dias, valoroso
e célebre repórter das antigas (O Dia e a Notícia), que me entrevistou em
épocas remotas, quando eu era um violonista aficionado da MPB.
Ele me pediu
que escrevesse um artigo sobre o Rock and Roll em Niteroi, desde os últimos 30
anos. Perguntei qual a extensão do texto
e ele me respondeu: “Não é muita coisa, não.
Uma lauda e meia”.
Pânico: Afastado dos concursos oficiais desde mais ou
menos 1975, eu não tinha a menor idéia de quanto era “uma lauda e meia”. Pior
que isto: Eu não tive coragem de
perguntar. Mas, BINGO, o Google tá aí e
se o Aurélio era o PAI DOS BURROS, o Google se transformou no PAI DOS BURROS,
BOSSAIS E IGNORANTES, condição na qual me encontrava naquele momento.
Fiquei então
ressabendo que uma lauda são 25 linhas com 65 caracteres mais ou menos. Até aqui, já gastei quase um terço de lauda e
não disse nada sobre o assunto solicitado.
Sendo assim, urge começar.
Mário, você me
solicitou o rock de 30 anos atrás, mas,
convenhamos, não tem o menor sentido falarmos do rock dos anos 80 sem falar de
suas origens.
Em 1964, minha
avó me presenteou com uma pérola chamada BEATLES AGAIN. Foi o primeiro de uma série de “n” LPs que
constituíram uma coleção fantástica de hits e de lembranças da minha
adolescência. Iniciada ao som de
Beatles, Rolling Stones, Monkeys, Birds, Mamas & Papas, Bad Finger e vários
outros, garotos cabeludos e de calças onde não passava uma laranja enlouqueciam
as meninas do Central, do Regatas, dos Pioneiros, IPC, Marieta e vários clubes
de bairros onde o sonho entrava pelos ouvidos e nos transformava em
celebridades de cinco minutos.
Garotos como
Cássio e Dalto (Lobos), Ruy Motta e eu (Corujas), Chiquinho (Mesmos),
Arthurzinho (irmão da Renata do Quarteto Nova Era) e Neném (Anjos), Helinho e Kastrup (Corsários) e dezenas ou
centenas de outros cabeludinhos com suas calças Saint Tropez caminhavam pelas
ruas de Icaraí e curtiam Simon & Garfunkel tocando nos alto-falantes que
eram colocados nos postes da praia, na versão “de cá” da Feira da Providência.
De lá pra cá
vimos nascer bandas como Barão Vermelho, Paralamas, Skank, J Quest, Ultrage a
Rigor, Gang 90, Plebe Rude, Kid Abelha, no lado nobre da mídia e do lado de cá,
mais modestas, mas também com grande brilho e amor pela arte, Linear, Gustavo
Canal, Rainha da Noite, Paulinho Guitarra (Ed Motta), com seu projeto solo, Zé
Maurício, Colorado Country e algumas outras que minha tenra idade me permite
esquecer, mas que o coração jamais deixará de sentir.
Como disse
acima, sempre com amor à arte e a vontade de demonstrar que o Rock corre em
nossas veias e imaginações. E desse jeito, na raça, no grito, algumas vezes com
as vozes e até com as cordas enferrujadas, a gente vai criando e tocando onde
conseguimos. Muitas vezes, de graça ou
até pagando. É o amor e o desejo de
mostrar aquilo que somos por dentro, a nossa verdadeiraessência.
Durante toda a
minha vida profissional eu fui economista nas horas vagas porque lá dentro do
peito pulsava a vontade imperecível de agarrar uma guitarra e rugir acordes e
trinados furiosos, a alma de um verdadeiro eterno adolescente.Atualmente não
uso mais uma HP-12C
financeira. Disparo pelas BRs do nosso
Brasil e, em eventos de motociclismo, cumpro o meu destino: Tocar Rock & Blues.
Elá longe, ainda escuto aquele
guri implorando para sua avó: Compre aquela guitarra pra mim e eu serei
igual aos Beatles. Dona Nair, eu não fiquei bilhardário como eles, mas fiquei
feliz como só o rock and roll e o blues podem nos tornar.
E por falar em
Blues, (tio avô do rock and roll) seria demeritante para o meu texto, não falar
em BB King, Eric Clapton Steve Ray e, mais pra cá, Celso Blues Boy, Big Joe
Manfra, Jefferson Gonçalves e vários outros monstros sagrados do Blues do
planeta.
E assim, de dó
em dó, de sol a sol e de lá pra cá, o rock continua vivo, pulsando, alegre e
estilizado apesar de seus já mais de 60 anos de idade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário