quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A cidade é minha casa, os habitantes a família

Por Mário Dias

        
É assim que me sinto em Niterói, por todas as regiões da ex-capital fluminense, inclusive na periferia, comunidades e nos 52 bairros é chegar e aparecer alguém saudando-me “Dá-lhe, Mario Dias”, nome  e sobrenome que plantei em cada logradouro, fazendo reportagens, eventos, campanhas políticas, ouvindo reinvidações e “jogando conversa fora”.
         Nascido em São Gonçalo, vim morar ainda garoto com meus avós no Barreto, em Niterói, embora mantenha minhas origens no vizinho município. Lembro com saudade do extinto Mercado São Sebastião, na Praça Enéas de Castro,  no Barreto, onde havia um coreto com programas de calouros e shows comandados por Eugênio Ribeiro, um comunicador da década de 70. No local também aconteciam comícios políticos.
O Barreto era chamado da “capital da alegria”, com programação dos clubes Bandeirantes, Cruzeiro, Fiat Lux, Manufatura, Byron, Humaitá e Cinco Julho, estes dois últimos ainda resistindo ao tempo. Desfiles de blocos, principalmente o “Tudo sabe e nada diz”, “Zorro” e “Arrasta tudo”, um bom carnaval de rua, atualmente mantido pelo vereador Paulo Bagueira e outros abnegados.
        
Na Venda da Cruz e Tenente Jardim, os bailes e shows no Miami Clube além do Bloco Bafo de Bode. Na Engenhoca, as escolas de samba Corações Unidos e Canarinhos, além do Clube Guarani e o Bloco da Calça Lee. Na Vila Ipiranga, a Escola de Samba Sabiá, a mais velha de Niterói, e ainda a Caçadores da Vila.
         No Fonseca, os bailes do Marajoara, Caixotinho, e principalmente no Fonseca Atlético Clube, onde durante mais de 10 anos a Escola de Samba Acadêmicos do Cubango realizava excelentes ensaios, os quais eu comandava o microfone, sempre supervisionado por Nei Ferreira, fundador da verde-e-branca. Ainda no Fonseca, o bloco da chaleira, na Teixeira de Freitas.
         No Caramujo, a Escola de Samba Combinado do Amor, de onde surgiu a primeira passista internacional, Paula, que foi levada para o Salgueiro. Lá, exisita o Figueira, que promovia ótimas noitadas. No Cubango, além da Escola, o Centro Pró-Cubango, com festas embaladas por “charme”, um ritmo que está voltando. Em Santa Rosa, os blocos “Sai tarde, volta cedo, “Dominó”, “Preto e Branco” e a banda com o nome do bairro, assim como os clubes, “Pioneiros” e “Marieta”. No Vital Brazil, a escola de samba Sousa Soares, disputando popularidade com a Acadêmicos do Beltrão, sendo a “Garganta” berço da Escola de Samba Unidos do Viradouro.
        
Na Zona Sul, fundamos a Banda do Território Livre de Icaraí, batizada pela Banda de Ipanema e que teve a chacrete Fátima Boa Viagem como madrinha; a Unidos de Mem de Sá, com o jogador Gerson, eterno canhotinha de ouro, batendo o Bloco das Piranhas, agora completando 30 anos; o réveillon da Praia de Icaraí, os três com ajuda de Jerônimo, do Ponto Jovem, na época proprietário do Chalé. O Baile da Tropicália do Clube Central, sempre com a presença de Leila Diniz, que morava em Niterói, precocemente falecida num desastre aéreo. As noitadas de samba do Regatas Icaraí, onde também aconteciam competições náuticas. Em Charitas, a programação do Aero Clube, agora voltando nos fins de semana na Casa do Caranguejo, disputando espaço com a Academia de Niterói, em São Francisco, que mantém eventos às sextas-feiras e sábados; os bailes do Havaí e Tropicália, do Jurujuba Iate Clube, que se mantém ativo sob o comando de Jorge Mira; a Banda do Ingá, criação do vereador Gallo, uma tradição; os bailes do Gragoatá, e no Centro de Niterói, o maravilhoso Carnaval – considerado o segundo maior do Brasil por Jorge Amado, quando foi jurado, na Avenida Amaral Peixoto, que agora a União das Escolas de Samba e Blocos tenta resgatar. Na Região Oceânica, o inesquecível Hildo Mello, que era interventor da colônia de pescadores e atualmente a força e organização de Jorge Bellas, em Itaipu.
         Reafirmo que em cada bairro ou logradouro de Niterói, tenho dezenas de amigos, formando uma rede de informantes do CASA DA GENTE, aos quais nestes 440 anos da cidade, agradeço com carinho, a sinceridade, com a certeza de que sempre estaremos juntos.

         Nesta grande família, incluo líderes religiosos, simbolizados pelos padres Wallace  Assis, da Igreja de São João e Igreja de São Jorge; Pastor Nilson do Amaral Fanini (falecido), Miguel Gonçalves, do Centro de Pesquisa Afro-Brasileira e Maria das Dores Rocha, da Casa da Caridade Miguel Arcanjo.             

Um comentário:

  1. Só uma correção: A agremiação mais antiga do carnaval de niterNi e a Combinado do Amor 20 de outubrode 1936 a Sabiá e de 1939.

    Do mais muito bom seu artigo. Parabéns.

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