quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Futebol de Niterói

Entre crises e fusões o futebol de Niterói, mesmo aos (trancos e barrancos) consegue se manter vivo.
Por Cezar Rizzo

Cezar Rizzo
Os clássicos sempre foram a grande atração do futebol niteroiense até surgir á fusão com o Estado da Guanabara.
O Clássico da Zona Sul.
Fundados no aristocrático bairro de  Icaraí no ano de 1913, Canto do Rio e Fluminense se enfrentaram pela primeira vez em 1919, pois até então o clube  alvi-anil  disputava campeonatos em outra entidade, a LFDT. Dispondo ambos de grande quadro social e ligação com a chamada “fina Sociedade”, os clubes dividiam a preferência da elite da zona sul da cidade, mesmo antes do primeiro confronto classificado pelo jornal “O ESTADO DE NITÉROI” como  “ o ansiosamente aguardado match entre os clubs prediletos do bairro”.  
Curiosamente ambos os clubes se mudariam para o centro da cidade nos anos 30/40, deixando para trás a zona sul onde nasceram.
O Clássico da ZONA NORTE
Ao passo que o “ Clássico da Zona Sul” disputava a preferência das altas classes niteroienses, o “Clássico da Zona Norte” era mais popular, pois envolviam dois clubes de origem operária do bairro Barreto: Bayron, ligado à Cia Manufatora Fluminense de Tecidos; e Barreto,ligado a “ Cia. Fiat  Lux de Phosphoros”. Os confrontos entre essas duas equipes eram recordistas de público, segundo os jornais da época, e palco de grandes confusões. Algumas recordações desse clássico podem ser encontradas na biografia de Zizinho(o maior jogador/craque) do futebol niteroiense de todos os tempos),e que começou sua carreira no Bayron.
Em meados da década de 1920, dois clubes a até então considerados médios passam ao status de “grandes” da cidade: o Ypiranga e o Nictheroyense Football Club. Na verdade, essa ascensão deve-se ao fortalecimento do Ypiranga, ganhador de vários títulos - tendo o Nichteroyense “pegado carona” na ascensão ypiranguense na condição de ser seu maior rival, no por vezes chamado “Clássico do Centro” (embora o Ypiranga  fosse de São Lourenço,bairro muito próximo do Centro da cidade, onde o Nictheroyense tinha sede).
O termo “Clássico do Centro” no  entanto falhou em se popularizar, em parte devido às dificuldades do Nictheroyense  em acompanhar o seu grande rival.
Durante a década de 30 o conceito de clássicos por regiões cairia em desuso, e todos os jogos entre os membros do “Grupo do Seis”- Nictheroyense, Fluminense, Canto do Rio, Barreto Bayron e  Ypiranga – eram considerados clássicos.
Em meados de 40 a fábrica de fósforos fecharia o Barreto Footbal Club, acabando precocemente com um dos clubes mais populares da cidade. A década marcaria também o enfraquecimento do Nictheroyense, que de “grande” passaria apenas a “tradicional” nos periódicos da época.
A partir de 1941 o público de Niterói ainda viu o Canto do Rio,então considerado a maior torcida da cidade, passar a disputar o campeonato carioca, deixando apenas quadros secundários Nas disputas de Niterói.Em meio a grandes clubes de expressão nacional (como Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco), o clube atrairia a atenção e a simpatia de cada vez mais  moradores da cidade monopolizando aos poucos a preferência local, que passaria a acompanhar o Campeonato Carioca – e futuramente torcer para os times do Rio de Janeiro..
A passagem do Canto do Rio, pelo futebol do Rio de Janeiro tem três registros especiais:
A conquista do Torneio Início de Futebol no ano de 1955, quando venceu o Vasco da Gama por 3 X 0 (no tempo normal de jogo) isto no dia 5 de julho de 1953. Vice-campeão do mesmo torneio em 1962 (derrotado pelo Botafogo por 2X0) e a conquista do TROFÉU DISCIPLINA, oferecido pela Federação, ao clube que não tivesse jogador expulso durante a disputa do c campeonato de futebol em seus dois turnos.
As décadas de 1950-60 e a ascensão do Fonseca.
Em 1950 o Bayron e despejado do terreno da fábrica que passou a ser ocupado pelo Manufatora Atlético Clube, grêmio dos funcionários da fábrica.Sem campo e sem conseguir treinar o Bayron abandona o futebol.
Em 1952 o  Fonseca se torna profissional, e começa um domínio no futebol da cidade.Ypiranga e Manufatora também se fortalecem e acompanham o rival no profissionalismo, enquanto o Fluminense passa para um plano mais modesto, enfraquecido junto ao Niteroiense.Fonseca,Ypiranga e Manufatora passam a fazer os clássicos mais importantes da cidade- e uma grande rivalidade - extra campo-  surge entre os torcedores desses clubes (em especial o Fonseca) e o Canto do Rio. A rixa era motivada pelo fato do Canto do Rio ter se recusado a retornar ao seu campeonato de origem mesmo após o início do profisionalismo fluminense.
A grande crise e o último clássico. Após os abandonos do Ypiranga do profissionalismo, em 1959, do Fluminense, em 1958, e do Manufatora em 1963, foi a vez do Fonseca abandonar não só o regime profissional como o próprio futebol em 1965, dedicando-se desde então apenas as outros esportes.No inicio da década de 1970 um novo “clássico”, o  último a assim seer chamado em Niterói, surgiu entre Manufatora e Costeira,que respectivamente voltou/entrou no profissionalismo.A rivalidade no entanto, aparentemente era restrita entre os sócios dos clubes e incentivada pelo jornais locais, não conseguindo mobilizar o publico de Niterói, já iremediavelmente  dominado pelo futebol carioca.
Esse último clássico acabou em 1983, ano em que o Manufatora (agora rebatizado para ADN NITERÓI) fechou as suas portas. Aos jogadores de futebol, protagonistas desta história, famosos e não famosos, craques  ou não, a nossa homenagem  pelos  440 anos da velha província, a nossa querida NICTHEROI. Cezar Rizzo é locutor e jornalista.


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