quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Viradouro aposta na força e luta das mulheres para conquistar o título


A história das "ganhadeiras" de Itapuã é o tema do enredo que a agremiação apresentará na Sapucaí  
Por Luana Dias
Raissa Machado, rainha de bateria
(foto Luana Dias/Jornal Casa da Gente)
“Viradouro de Alma Lavada”, dos jovens carnavalescos Tarcísio Zanon e Marcus Ferreira, é o enredo que a vermelho-e-branca de Niterói irá trazer para a avenida no Carnaval 2020. A agremiação irá narrar a história das "ganhadeiras" de Itapuã, grupo musical que surgiu há 16 anos atrás, com o conjunto de mulheres de Itapuã, para resgatar a musicalidade de suas ancestrais, escravas de "ganho" que vendiam os produtos na Lagoa de Itapuã, para conseguirem "comprar" sua liberdade e alforria.  
"Pra nós, é uma alegria contar a história destas mulheres, da força, da garra e da bravura, que lutaram por igualdade e liberdade de uma forma muito feliz, porque elas ritmavam o trabalho através da música. Vamos destacar esta musicalidade, e a figura da Maria do Xindó, que é uma das ganhadeiras-matriarcas, que nasceu no ano de fundação da Viradouro. Ela será a locutora do enredo", conta Tarcisio Zanon, que assina o enredo em parceria com Marcus Ferreira.
Maria do Xindó - por uma grande coincidência - é natural do Abaeté, e foi uma das primeiras pessoas com quem os carnavalescos entraram em contato, e logo no início ela contou que era "Viradouro" de coração, demonstrando inclusive conhecimento sobre a escola. Uma segunda coincidência, confirmada pelo carnavalesco é que ela nasceu exatamente no mesmo ano de fundação da escola, 1946, o que acabou fazendo com que ela se tornasse a narradora de toda esta história que será levada para a avenida.
Maria do Xindó: ganhadeiras de Itapuã
Ao todo, serão 36 mulheres "ganhadeiras" que estarão destacadas ao longo do desfile. Ao final, no último setor, temos as matriarcas e o contingente maior do grupo, coroadas pela Viradouro, no símbolo maior da escola, que é uma "coroa".
Maquiagem segue em destaque
A exemplo do Carnaval 2019, o trabalho de maquiagem e caracterização também seguirá tendo destaque na apresentação da escola, mas segundo o carnavalesco, com estilo mais popular e plástica seguindo o enredo. Desde 2018, a escola vem desenvolvendo intercâmbio profissional, cultural e humano com a França: numa parceria entre Leticia Guaranho, da Guaranho Events, empresa baseada em Paris, e Christina Gall, as artistas e empresárias unem o glamour e sofisticação européias, com a criatividade e singularidade da festa brasileira. Para o Carnaval 2020, 14 maquiadores vindos exclusivamente da França, irão maquiar cerca de 1000 componentes, em intercâmbio também com artistas do Senac. O resultado deste trabalho minucioso poderá ser conferido na avenida.
Outro ponto alto será a valorização de artistas populares que nunca foram retratados na avenida, como o baiano Mestre Didi. As estamparias, como a 'chita', criadas exclusivamente promete surpreender com muito colorido, criatividade e beleza.
Os carnavalescos da Viradouro
(foto divulgação)
Garra da comunidade
A Unidos do Viradouro encerrou na noite de sábado, dia 15, a temporada de ensaios de rua. O evento reuniu todos os segmentos da escola e levou centenas de pessoas à Avenida Amaral Peixoto, no Centro de Niterói. A exemplo dos ensaios anteriores, os mais de 3 mil componentes e o público explodiram com o refrão mais cantado deste carnaval: "Oh mãe ensaboa/Mãe ensaboa pra depois quarar". Com uma melodia pra cima, na interpretação de Zé Paulo Sierra, e com a bateria "furacão" vermelho-e-branco de Mestre Ciça, a Viradouro tem tudo para ser a mais reverenciada ao passar no domingo, no Sambódromo, e quebrar o "gelo" de ser a segunda agremiação da noite.
Raissa Machado, que pelo sétimo ano consecutivo é rainha de bateria, e há 12 anos desfila na escola, também demonstra entrosamento com ritmistas e componentes, e promete surpresas.  



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