Poeta Augusto Dias lança seu segundo livro
O poeta Augusto Dias (foto divulgação/ Fernanda Estiges Dias) |
O poeta, escritor e professor
Augusto Dias lança o seu segundo livro de poesias nas cidades de Niterói, Rio
de Janeiro e São Gonçalo. “Anotações para depois do temporal” é o título da
obra que conta com 67 poemas e 152 páginas, e que chega às livrarias pela
Scortecci Editora. A agenda de lançamentos começa no dia 23 de janeiro, às 19h,
na Livraria Saraiva do Plaza Shopping, em Niterói. Já no dia 27, será a vez do
Rio de Janeiro, na livraria Saraiva do Leblon, a partir das 18h, e em seguida, no
dia 29, às 19h30 horas, na livraria Gutemberg,
no Boulevard Shopping, em São Gonçalo. Todos os eventos contarão com a
presença do autor.
Entre os amigos
e admiradores de Augusto Dias está o músico,
compositor, poeta e ativista social Marcelo Yuka. Ele assina a apresentação do
livro, introduzindo o leitor ao universo criativo do autor:
Capa do livro que será lançado em Niterói, Rio e SG (reprodução) |
“Augusto
Dias aparece como um Dom Quixote etnicamente bronzeado atrás de muitos
cata-ventos e portando muitos Sancho Panças através do seu bom papo que
explode, felizmente, no papel (...) É a cidade nas veias, o chope consciente
logo depois do passo no escuro que é se permitir e, com isso, se desarmar na
poesia”, descreve Yuka.
Augusto Dias nasceu em São Gonçalo, de
onde saiu aos vinte anos para morar, trabalhar e amar na cidade do Rio de
Janeiro. Residiu em Botafogo, na Tijuca e, atualmente, pode ser visto pelo
subúrbio do Méier.
Professor de Língua Portuguesa e
Literatura Brasileira, em todos os lugares aonde vai, sempre que pode, faz a
sua poesia chegar, baixar e ‘saravar’. Seu primeiro livro, “A Última Noite” foi
lançado pelo movimento cult Corujão da Poesia, do qual faz parte, desde a fundação, na extinta
Livraria Letras e Expressões do Leblon.
Quem quiser
saber mais sobre o autor pode seguir o seu perfil no facebook (Augusto Dias).
Confira com
exclusividade um dos poemas de seu novo livro:
Ouça
o poema
(para meu mestre Mano Melo)
Fala o poema
como malandro que desce a ladeira
e não deixa o samba pra trás
e não deixa o samba pra trás
Fala o poema
como quem joga capoeira,
mastiga abelha e bebe aguarrás
Fala o poema
mastiga abelha e bebe aguarrás
Fala o poema
com a alma na sola dos pés
e o coração na ponta da navalha
e o coração na ponta da navalha
Fala o poema
por um tostão, um conto de réis
como um ladrão, um canalha
Fala o poema
como um ladrão, um canalha
Fala o poema
como se fosse um crente
frente ao inferno inevitável
Fala o poema
frente ao inferno inevitável
Fala o poema
desesperada e inutilmente,
como um vício irrecuperável
como um vício irrecuperável
Fala o poema
como única rota possível,
único caminho que se tem
Fala o poema,
único caminho que se tem
Fala o poema,
com a boca do Homem Invisível
e o corpo de Frankenstein
Fala o poema
e o corpo de Frankenstein
Fala o poema
nem literato, nem ignorante,
nem canônico, nem mundano
nem canônico, nem mundano
Fala o poema
nem que seja num rompante,
sem medo de causar dano
Fala o poema
sem medo de causar dano
Fala o poema
disfarça, não fique só e calado,
dê asas a sua voz poética
dê asas a sua voz poética
Fala o poema
que está aí, entalado
desfaça o nó dessa vida hermética
Ou então...
desfaça o nó dessa vida hermética
Ou então...
ouça o poema.
Ouça o poema
Ouça o poema
em silêncio que reverencia
Anuncia, quieto,
todo o lirismo que vem
todo o lirismo que vem
Ouça aquele que fala,
como a um apito de um trem
ele é poeta
e poesia
é só do que precisamos
e é tudo que ele tem.
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