terça-feira, 14 de agosto de 2018

Especialistas debatem rumo da saúde no Brasil


Fiocruz recebeu encontro nacional entre os dias 26 e 29 de julho

Por Christian Jafas

Saúde. Democracia. Desigualdade. Violência. Essas foram algumas das palavras mais ouvidas durante a abertura do 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, encontro que aconteceu de 26 a 29 de julho, no campus Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Com o lema "Fortalecer o SUS, os direitos e a democracia", o evento reuniu especialistas e estudantes de todo o Brasil e da América Latina já se iniciou com tom notadamente político, a começar pelo nome do local escolhido para a cerimônia, Tenda Marielle Franco, em homenagem a vereadora carioca assassinada em março deste ano. Annielle Franco lembrou a trajetória de lutas da irmã e a pauta em defesa da Saúde Pública. Os mais de 3 mil presentes fizeram Anielle se emocionar com o grito de “Marielle, presente”.
Gastão Wagner, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), fez questão de enfatizar que a vereadora também dá nome ao congresso ao se referir diversas vezes ao evento como Abrascão Marielle e ainda reforçar o tom político.
“A isenção fiscal para as grandes empresas é maior do que o valor investido no SUS. Ao invés de dar isenção para o agronegócio e para as grandes corporações é preciso investir esse recurso em saneamento, em hospitais, em escolas, em universidades, ou seja, em políticas públicas”, afirmou.
Convidada para a palestra de abertura, Michelle Bachelet, ex-presidenta do Chile e representante da Organização Mundial da Saúde (OMS), manteve a sintonia ao dizer que não se pode falar em saúde sem antes falar da saúde da democracia.
“Temos que melhorar as condições sociais para que os direitos das pessoas possam ser exercitados. Não para alguns, mas para todos”, disse Bachelet.
Ao fazer uma análise do panorama da Saúde Pública na América Latina, Bachelet destacou que a maioria da população desses países só consegue o acesso aos serviços de saúde através do setor público e por isso o foco deve sempre ser nas pessoas.
 “O estado atual de nossos sistemas públicos de saúde é estruturado de acordo com a evolução demográfica e econômica, mas, sobretudo, pela ação política de nossos países. É preciso marcar os limites do tolerável e do remediável. Falar sobre saúde publica é falar sobre o tipo de país que temos, podemos e devemos construir”, concluiu.
Projetar o Brasil que podemos e devemos construir foi a missão de especialistas de diversos campos do saber que se reuniram no Abrascão 2018. Do discurso à prática, no sábado, 28 de julho, um ato em frente ao Castelo Mourisco lançou oficialmente a 16ª Conferência Nacional de Saúde que irá ser realizada em julho de 2019. Fundamental para a consolidação da nossa democracia, a conferência é a maior instância de participação popular em saúde, um fórum de debates que fomenta novas propostas sendo prevista na Constituição Cidadã de 1988.
“Saúde é Democracia. Esse foi o tema da 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, e será outra vez o tema da 16ª. É preciso levar o debate da Saúde Pública para o povo brasileiro”, enfatizou Ronald Santos, presidente do Conselho Nacional de Saúde.
As palavras de Gastão Wagner ilustram bem o momento de luta em defesa da saúde pública: “A gente vem ao Abrascão para trocar ideias, discutir, aprender e tirar diretrizes e plataformas para nossa ação nos próximos anos em cada local, em cada sala de aula, em cada serviço de saúde e nos nossos movimentos sociais. A gente vem para carregar nossa energia e confirmar para nós e para a sociedade que a esperança somos nós”.
Para assistir às principais mesas e palestras, e ter acesso ao conteúdo do evento, basta seguir o canal da Abrasco no YouTube: www.youtube.com/user/tvabrasco



Nenhum comentário:

Postar um comentário