Fiocruz recebeu encontro
nacional entre os dias 26 e 29 de julho
Por Christian Jafas
Saúde. Democracia. Desigualdade. Violência. Essas foram algumas
das palavras mais ouvidas durante a abertura do 12º Congresso Brasileiro de Saúde
Coletiva, encontro que aconteceu de 26 a 29 de julho, no campus Manguinhos da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Com o lema "Fortalecer o SUS, os direitos
e a democracia", o evento reuniu especialistas e estudantes de todo o
Brasil e da América Latina já se iniciou com tom notadamente político, a
começar pelo nome do local escolhido para a cerimônia, Tenda Marielle Franco,
em homenagem a vereadora carioca assassinada em março deste ano. Annielle
Franco lembrou a trajetória de lutas da irmã e a pauta em defesa da Saúde
Pública. Os mais de 3 mil presentes fizeram Anielle se emocionar com o grito de
“Marielle, presente”.
Gastão Wagner, presidente da Associação Brasileira de Saúde
Coletiva (Abrasco), fez questão de enfatizar que a vereadora também dá nome ao
congresso ao se referir diversas vezes ao evento como Abrascão Marielle e ainda
reforçar o tom político.
“A isenção fiscal para as grandes empresas é maior do que o
valor investido no SUS. Ao invés de dar isenção para o agronegócio e para as
grandes corporações é preciso investir esse recurso em saneamento, em
hospitais, em escolas, em universidades, ou seja, em políticas públicas”,
afirmou.
Convidada para a palestra de abertura, Michelle Bachelet,
ex-presidenta do Chile e representante da Organização Mundial da Saúde (OMS), manteve
a sintonia ao dizer que não se pode falar em saúde sem antes falar da saúde da democracia.
“Temos que melhorar as condições sociais para que os direitos
das pessoas possam ser exercitados. Não para alguns, mas para todos”, disse
Bachelet.
Ao fazer uma análise do panorama da Saúde Pública na América
Latina, Bachelet destacou que a maioria da população desses países só consegue
o acesso aos serviços de saúde através do setor público e por isso o foco deve
sempre ser nas pessoas.
“O estado atual de
nossos sistemas públicos de saúde é estruturado de acordo com a evolução
demográfica e econômica, mas, sobretudo, pela ação política de nossos países. É
preciso marcar os limites do tolerável e do remediável. Falar sobre saúde
publica é falar sobre o tipo de país que temos, podemos e devemos construir”, concluiu.
Projetar o Brasil que podemos e devemos construir foi a
missão de especialistas de diversos campos do saber que se reuniram no Abrascão
2018. Do discurso à prática, no sábado, 28 de julho, um ato em frente ao
Castelo Mourisco lançou oficialmente a 16ª Conferência Nacional de Saúde que
irá ser realizada em julho de 2019. Fundamental para a consolidação da nossa
democracia, a conferência é a maior instância de participação popular em saúde,
um fórum de debates que fomenta novas propostas sendo prevista na Constituição
Cidadã de 1988.
“Saúde é Democracia. Esse foi o tema da 8ª Conferência
Nacional de Saúde, em 1986, e será outra vez o tema da 16ª. É preciso levar o
debate da Saúde Pública para o povo brasileiro”, enfatizou Ronald Santos,
presidente do Conselho Nacional de Saúde.
As palavras de Gastão Wagner ilustram bem o momento de luta
em defesa da saúde pública: “A gente vem ao Abrascão para trocar ideias,
discutir, aprender e tirar diretrizes e plataformas para nossa ação nos
próximos anos em cada local, em cada sala de aula, em cada serviço de saúde e
nos nossos movimentos sociais. A gente vem para carregar nossa energia e
confirmar para nós e para a sociedade que a esperança somos nós”.
Para assistir às principais mesas e palestras, e ter acesso
ao conteúdo do evento, basta seguir o canal da Abrasco no YouTube: www.youtube.com/user/tvabrasco
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