por Veronica M. de Oliveira
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| Stanley Jordan, Ivan "Mamão" e Dudu Lima, o trio que se apresentou no Teatro Municipal (fotos Leo Zulluh) |
Da marcante "Insensatez",
de Tom Jobim à "Stairway to Heaven", de Led Zeppelin, o espetáculo
passeou pelos mais variados estilos musicais. Foi uma noite com muito jazz,
blues e bossa nova, com um setlist que agradou em cheio aos mais apurados
ouvidos. No entanto, não é de hoje o entrosamento desses três músicos. Eles
tocam juntos há mais de 17 anos, o que representa algo em torno de 300 shows,
com muita interação musical. Para Ivan Mamão, trata-se de uma troca muito
positiva. “Eu aprendo e posso passar também algumas coisas para eles”,
ressaltou.
Sobre o músico Stanley Jordan,
Mamão destacou a pessoa fantástica que ele é e sua capacidade para ensinar,
além da brasilidade assumida pelo artista norte-americano durante todo esse
tempo. Mas, quando o assunto é sobre a harmonia dos três no palco, Dudu Lima reflete
o quanto é fundamental a conexão entre os músicos na composição do trio. Para ele, trata-se de “uma telepatia musical,
uma experimentação, um diálogo”, algo que vem perdurando por toda trajetória de
17 anos. Ao longo da apresentação, em vários momentos, contrabaixo e guitarra
“conversaram” em um momento de pura improvisação, mas sem deixar de revelar toda
fluidez melódica.
Além de Insensatez e Stairway to
heaven, o público pôde ouvir também outras composições, como Merci Merci; Partido
Alto, de Azymuth; Regina, de Dudu Lima, e Eleanor Rigby, de John Lennon e Paul
McCartney. Stanley Jordan também deu um show à parte, executando algumas “fugas
de Bach”, que na linguagem musical significa que o tema é repetido por outras
vozes da guitarra, que se entrelaçam na música.
Das ruas para o estrelato
Nascido em Chicago em 1959, o
ícone americano da guitarra Stanley Jordan começou sua carreira musical aos
seis anos, quando se iniciou nos estudos de piano. Aos 11 anos migrou para a
guitarra, que hoje é seu instrumento principal. Mas, quem hoje vê a carreira
desse grande guitarrista, com várias apresentações nos mais renomados festivais
de jazz, pode não saber de alguns fatos pitorescos que pontilham sua carreira.
Mesmo com formação em teoria
musical e composição pela Universidade de Princeton, Jordan apelou para as ruas
a fim de divulgar seu talento. E chamou atenção pela técnica que desfilava em
apresentações públicas em Nova Iorque, Filadélfia e em outras cidades do meio
oeste americano. A fama de “guitarrista incrível que tocava por alguns cents” o
alçou ao estrelato, de onde nunca mais saiu.
Ao ser perguntado sobre se seria
possível imaginar que uma apresentação nas ruas americanas lhe renderia tamanha
notoriedade, Jordan afirmou que, quando optou por tocar nas ruas seria algo
temporário, porém essa ação foi de extrema importância, pois o fez aprender a
se conectar com o público. Dotado de uma comovente simplicidade, Stanley
encerrou a breve entrevista afirmando que “para ele está tudo certo seguir o
caminho da música que ele sente”. E foi isso realmente que a plateia pôde
sentir em sua apresentação, que tem muita emoção envolvida.


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