quarta-feira, 13 de junho de 2018

Stanley Jordan: quando técnica e carisma se encontram

O ícone internacional da guitarra concedeu uma entrevista exclusiva ao Jornal Casa da Gente, ao lado dos músicos Ivan Mamão e  Dudu Lima, logo após o concerto que lotou o Teatro Municipal de Niterói. 

por Veronica M. de Oliveira 

Stanley Jordan, Ivan "Mamão" e Dudu Lima, o trio que se
apresentou no Teatro Municipal
(fotos Leo Zulluh) 
O Teatro Municipal de Niterói foi palco de um show memorável que reuniu três talentos consagrados na música instrumental, um deles de nível internacional. O prodígio da guitarra Stanley Jordan tocou em Niterói, pela primeira vez, acompanhado pelo baterista Ivan “Mamão”, ex-Azymuth, e o baixista Dudu Lima, que ocupa posição de destaque nos graves e grooves do país. Durante duas horas, aproximadamente, o trio demonstrou toda a virtuosidade, executando composições nacionais e internacionais de destaque no cenário musical.
Da marcante "Insensatez", de Tom Jobim à "Stairway to Heaven", de Led Zeppelin, o espetáculo passeou pelos mais variados estilos musicais. Foi uma noite com muito jazz, blues e bossa nova, com um setlist que agradou em cheio aos mais apurados ouvidos. No entanto, não é de hoje o entrosamento desses três músicos. Eles tocam juntos há mais de 17 anos, o que representa algo em torno de 300 shows, com muita interação musical. Para Ivan Mamão, trata-se de uma troca muito positiva. “Eu aprendo e posso passar também algumas coisas para eles”, ressaltou.
Sobre o músico Stanley Jordan, Mamão destacou a pessoa fantástica que ele é e sua capacidade para ensinar, além da brasilidade assumida pelo artista norte-americano durante todo esse tempo. Mas, quando o assunto é sobre a harmonia dos três no palco, Dudu Lima reflete o quanto é fundamental a conexão entre os músicos na composição do trio.  Para ele, trata-se de “uma telepatia musical, uma experimentação, um diálogo”, algo que vem perdurando por toda trajetória de 17 anos. Ao longo da apresentação, em vários momentos, contrabaixo e guitarra “conversaram” em um momento de pura improvisação, mas sem deixar de revelar toda fluidez melódica.
Além de Insensatez e Stairway to heaven, o público pôde ouvir também outras composições, como Merci Merci; Partido Alto, de Azymuth; Regina, de Dudu Lima, e Eleanor Rigby, de John Lennon e Paul McCartney. Stanley Jordan também deu um show à parte, executando algumas “fugas de Bach”, que na linguagem musical significa que o tema é repetido por outras vozes da guitarra, que se entrelaçam na música.

Das ruas para o estrelato
Nascido em Chicago em 1959, o ícone americano da guitarra Stanley Jordan começou sua carreira musical aos seis anos, quando se iniciou nos estudos de piano. Aos 11 anos migrou para a guitarra, que hoje é seu instrumento principal. Mas, quem hoje vê a carreira desse grande guitarrista, com várias apresentações nos mais renomados festivais de jazz, pode não saber de alguns fatos pitorescos que pontilham sua carreira.
Mesmo com formação em teoria musical e composição pela Universidade de Princeton, Jordan apelou para as ruas a fim de divulgar seu talento. E chamou atenção pela técnica que desfilava em apresentações públicas em Nova Iorque, Filadélfia e em outras cidades do meio oeste americano. A fama de “guitarrista incrível que tocava por alguns cents” o alçou ao estrelato, de onde nunca mais saiu.
Com vários álbuns gravados, Stanley Jordan se encantou pelo Brasil, que faz parte do roteiro de shows do artista, e, juntamente com Ivan Mamão e Dudu Lima, mostra toda afinidade musical em interpretações dos clássicos da música brasileira e da bossa nova, assim como os standards do jazz.  Em suas apresentações  Jordan inclui também a famosa técnica que fez grandes contribuições, o chamado tapping, que é uma forma de tocar  na qual o músico “martela”, com uma ou duas mãos, as notas na escala do instrumento.
Ao ser perguntado sobre se seria possível imaginar que uma apresentação nas ruas americanas lhe renderia tamanha notoriedade, Jordan afirmou que, quando optou por tocar nas ruas seria algo temporário, porém essa ação foi de extrema importância, pois o fez aprender a se conectar com o público. Dotado de uma comovente simplicidade, Stanley encerrou a breve entrevista afirmando que “para ele está tudo certo seguir o caminho da música que ele sente”. E foi isso realmente que a plateia pôde sentir em sua apresentação, que tem muita emoção envolvida.

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