terça-feira, 6 de março de 2018

Sala Carlos Couto recebe exposição em homenagem à Conceição Evaristo

A exposição sobre a premiada escritora fica aberta ao
público até dia 28 de março (foto divulgação)
A Sala Carlos Couto abre nesta terça, dia 6 de março , às 16h, a sua programação de 2018 com uma grande homenagem ao mês mulher, com a exposição “Eu-mulher”, sobre a escritora Conceição Evaristo, que estará presente na ocasião. A mostra, que tem a curadoria de Teca Nicolau, é composta de fotografias, vídeos, livros da homenageada e de outras autoras, que fazem parte da vida de Conceição, como Geni Guimarães e Carolina Maria.
A exposição fica aberta ao público até o dia 28 de março, de terça a sexta, das 10h às 18h; e sabádo e domingo, das 15h às 18h. A entrada é gratuita. A Sala Carlos Couto está anexa ao Teatro Municipal de Niterói, que fica na Rua XV de Novembro, 35, no Centro da cidade.
No papel, preto no branco, a voz de Conceição Evaristo – que venceu todas as adversidades da vida e hoje é reconhecida como um dos nomes mais relevantes e necessários da literatura brasileira contemporânea – carrega e propaga os sentimentos, as dores, as alegrias, os gritos e os sussurros de uma multidão de pessoas – de homens e, sobretudo, mulheres cujas vozes são insistentemente caladas. Com base no que chama de “escrevivência” – ou a escrita que nasce do cotidiano, das lembranças, da experiência de vida da própria autora e do seu povo –, ela compõe romances, contos e poemas que revelam a condição do afrodescendente no Brasil.
Embora escreva desde a juventude, Conceição só começou a publicar seus textos aos 44 anos – em 1990, nos Cadernos Negros, série de antologias editada pelo coletivo Quilombhoje. Com seis livros lançados até 2017, ela é referência no que diz respeito à arte como poderosa ferramenta na luta contra o racismo e o machismo que se encontram na base da sociedade – e da literatura – brasileira.
Nascida em uma favela de Belo Horizonte (MG), Maria Conceição Evaristo de Brito é filha de dona Joana, lavadeira que criou nove filhos em meio a muitas dificuldades. Inspirada por Carolina Maria de Jesus, dona Joana não tinha estudo, mas colecionava cadernos que achava pelas ruas e os recheava com seus escritos sobre a vida, pensamentos, poemas. Conceição costuma dizer que, pelo hábito de dona Joana, ela cresceu cercada por palavras, mesmo que não tenha crescido cercada por livros. A mãe certamente é uma grande influência para Conceição, que no futuro adotaria e defenderia o conceito de “escrevivências” – a escrita que nasce das vivências. Viver para narrar. Narrar o que se vive.
Conciliando os estudos com o trabalho como empregada doméstica, Conceição Evaristo concluiu o curso normal aos 25 anos, em 1971. Foi nessa época que se mudou para o Rio de Janeiro (RJ) para estudar letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Lá, também começou a dar aulas, aprovada em um concurso público.
 Mestra em literatura brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) e doutora em literatura comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Conceição começou a publicar em 1990, na série Cadernos Negros, no grupo Quilombhoje. Essa aproximação com a militância de causas sociais naturalmente levou a escritora para o movimento negro.
Ponciá Vicêncio, seu primeiro romance publicado, foi lançado em 2003 (também no exterior) e é até hoje um marco. “Por que Ponciá Vicêncio agrada brancos, pretos, homens, mulheres? Porque ela traz a solidão humana. Ela é uma personagem extremamente só. A solidão não é da minha propriedade, é de propriedade do ser humano. Acho que todo mundo se encontra naquela personagem pela solidão dela. A solidão dela é que chama”, explica a autora.
 Depois do romance de estreia, Conceição Evaristo lançou Becos da Memória (2006) e Poemas da Recordação e Outros Movimentos (2008). Há ainda três livros de contos: Insubmissas Lágrimas de Mulheres (Nandyala, 2011), Olhos D´Água (Pallas, 2014) e Histórias de Leves Enganos e Parecenças (Editora Malê, 2016). também participou de inúmeras antologias. Toda a sua obra é marcada por questões raciais, de gênero e de classe.
 Entre os prêmios, estão Prêmio Jabuti 2015 - Categoria  conto - "Olhos d'água "; Prêmio Faz a Diferença - Jornal O Globo 2016 - Categoria -  Prosa; Prêmio Revista Claudia  2017 - Categoria – Cultura.

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