terça-feira, 10 de outubro de 2017

Première Brasil, vitrine do nosso cinema

O crescimento do número de títulos brasileiros exibidos é diretamente proporcional ao aumento da produção audiovisual nacional

* Por Cristiana Giustino

"Gabriel e a Montanha" (foto divulgação)
O Festival do Rio está em curso e nele, a Première Brasil, mostra exclusivamente dedicada à produção e coprodução de filmes brasileiros. Além dos longas e curtas de ficção e documentário que concorrem ao troféu Redentor, a mostra também exibe filmes Hors Concours (convidados, não competidores) e Retratos (cinebiografias documentais), todos realizados em 2016 ou 2015. Na edição 2017, estão em exibição 75 filmes. E esse número vem crescendo a cada ano. Em 2016 foram exibidas 48 produções, e em 2015, 34 títulos. O número de filmes inscritos na Première Brasil 2017 também é robusto. Foram 250 inscrições, “o maior número que já tivemos”, disse a diretora do Festival do Rio, Ilda Santiago.

Aumento da produção de filmes

Esse fenômeno não se limita à Première Brasil. Os festivais de cinema brasileiros são hoje a principal plataforma de lançamento do cinema nacional e a cada ano exibem mais títulos. Mas como crescem estes números em um contexto de crise? Esse crescimento não vem de hoje. O principal mecanismo responsável pelo aumento da produção audiovisual brasileira chama-se Fundo Setorial do Audiovisual, fundo público de investimento criado em 2006 após anos de demanda dos setores envolvidos, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento articulado de toda a cadeia produtiva da atividade audiovisual no Brasil.
A previsão para 2017 é de um novo recorde de filmes lançados, com destaque para animações
Com a aprovação de Lei 12.485 em 2011 – a chamada Lei das Teles –, o FSA ganhou corpo e é hoje a principal ferramenta de investimento público no audiovisual brasileiro. É um dos fundos federais de melhor execução do país (ainda assim, menos de 70% do valor disponível é efetivamente investido) graças à articulação do setor e de órgãos como a Ancine, e suas reservas chegam a quase R$ 1 bilhão por ano. O investimento é público, porém, com lógica de mercado. O FSA participa das receitas dos filmes nos quais investe até que o valor desta participação seja igual ou maior ao valor investido no projeto.

Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, em lançamento recente
(foto Luana Dias)
O Fundo também participa dos chamados arranjos regionais, parcerias com as esferas estaduais e municipais para realização de chamadas públicas locais, como é o caso dos editais SP Cine, dos antigos editais da RioFilme e dos editais de produção previstos no programa “Niterói: Cidade do Audiovisual", lançado no mês passado. 

Mas nem tudo são flores. Mesmo com o aumento da produção, ainda tímido se comparado a outros países com mecanismos similares, muitos dos filmes realizados têm nos festivais nacionais e internacionais sua única plataforma de exibição. Este fato deve-se ao principal gargalo da cadeia produtiva audiovisual do país: a distribuição. Apesar do FSA também prever mecanismos de fomento para este elo, ainda não foram postas em prática soluções efetivas para que os filmes produzidos alcancem um maior número de espectadores.

O que assistir na Première Brasil

A principal característica da produção nacional é a sua diversidade de gêneros, estilos e temáticas. Criamos uma lista de longas em exibição na Première Brasil que expressa essa diversidade.

Gabriel e a Montanha (ficção), de Fellipe Barbosa
Bio (ficção/documentário), de Carlos Gerbase
Eu, Pecador (documentário), de Nelson Hoineff
Henfil (documentário), de Angela Zoé
Entre irmãs (ficção), de Breno Silveira
<<<Severina (ficção), de Felipe Hirsch (ficção)
Praça Paris (ficção), de Lúcia Murat
Legalize Já! (ficção), de Johnny Araújo e Gustavo Bonafé

Motorrad (ficção), de Vicente Amorim
Dedo na Ferida (documentário), de Silvio Tendler
Iran (documentário), de Walter Carvalho>>>
Açúcar (ficção), de Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira
Como é cruel viver assim (ficção), de Júlia Rezende
Berenice Procura (ficção), de Allan Fiterman
SLAM: Voz de Levante (documentário), de Tatiana Lohmann e Roberta Estrela D'Alva
Animal Cordial (ficção), de Gabriela Amaral Almeida Première
Boas Maneiras (ficção), de Juliana Rojas e Marco Dutra
Pastor Cláudio (documentário), de Beth Formaggini

Confira a programação completa da Première Brasil no site do Festival do Rio.

*Cristiana Giustino é pesquisadora de conteúdo e analista de projetos culturais



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