Estudantes lotaram as sessões especialmente dedicadas a eles (fotos Luana Dias) |
Por Luana Dias
Um cinema em que todos são iguais, sem diferenças. Foi realizado no
início de fevereiro, na cidade de Lyon, na França, a terceira edição
do "Festival International Du Film Sur Le Handicap " (FIFH), com
uma extensa programação de filmes que envolvam pessoas com deficiência, tanto
na temática quanto na equipe. O Festival aconteceu em diferentes locais da cidade,
entre eles, o edifício histórico do Mercure Lyon Centre Château Perrache, a
sala de Cinema Opera, a Universidade Lumière Lyon 2 e o Instituto Lumière,
uma das grandes referências da história do cinema
francês e do mundo.
A CASA DA GENTE Produções participou do evento, com o desafio de
trazer pela primeira vez este Festival ao Brasil: em agosto, será realizada a
Mostra "Cinema sem Diferenças", com uma seleção de filmes de todo
mundo, premiados no evento francês. Niterói abrigará essa experiência, importante
iniciativa de difusão e inclusão. O projeto foi selecionado pelo primeiro
edital do Audiovisual da cidade de Niterói, promovido pela Prefeitura através
da Fundação de Arte, em parceria com a Ancine.
A Mostra Cinema Sem Diferenças será realizada no Cine Arte UFF - uma
das mais tradicionais salas de cinema da cidade. Todas as sessões serão
gratuitas. A Mostra irá integrar o Seminário de Acessibilidade Cultural,
realizado pelo Centro de Artes UFF, ampliando ainda mais o alcance da discussão sobre o tema.
Além do Cine Arte UFF, a Mostra terá também uma sessão especial na Câmara
Municipal de Niterói, através do Espaço Cinema.
Princesa Sylvia Sisowath, do Cambodja; o ator belga Pascal Duquenne, Patricia Malissart, da Handicap International, e o realizador francês Yann Le Quellec marcam presença no FIFH |
"Estamos trabalhando para oferecer sessões de cinema com audiodescrição,
legendagem descritiva e intérprete de Libras, apostando na acessibilidade e
inclusão do conteúdo audiovisual", explica Luana Dias, coordenadora da
"Mostra Cinema sem Diferenças", em Niterói.
Já estão confirmadas as presenças internacionais de Katia
Martin-Maresco e Flavia Vargas, respectivamente programadora e
diretora do FIFH em Lyon.
O projeto conta com o patrocínio da Prefeitura de Niterói, através
do programa "Niterói - Cidade do Audiovisual", e o apoio do Centro de Artes UFF, da Câmara
de Vereadores de Niterói e da Coordenadoria de Acessibilidade de Niterói.
Para que a Mostra seja ainda mais abrangente, a produção está agora buscando
mais apoios, parcerias e patrocínios.
"Gostaria
de convidar a todos, sejam profissionais, voluntários, especialistas da área,
integrantes de associações, professores e mesmo cidadãos e espectadores - a se
juntarem ao projeto", finaliza Luana Dias. Para mais informações, basta
entrar em contato pelo telefone/whatsapp: (21) 9 9888 9666 ou pelo e-mail
editoracasadagente@gmail.com .
A festa de encerramento foi bastante concorrida |
Destaques
da programação
A 3ª edição "Festival International du Film sur le
Handicap", que acaba de ser realizada em Lyon, proporcionou não só uma
excelente e intensa jornada de filmes longas e curtas-metragens, como também conferências,
música, dança, e ricos encontros e intercâmbios, refletindo sobre o Audiovisual
e sua relação na temática da Acessibilidade e Inclusão das pessoas com
Deficiência em todo mundo. Realizadores, produtores, roteiristas do Brasil, França, Argélia, Itália, Bélgica, Taiwan, Cambodja entre
outros países marcaram presença no evento.
As sessões voltadas para o público juvenil,
realizadas com centenas de alunos de escolas públicas de Lyon, numa parceria com
o Ministério da Educação Nacional e da Juventude proporcionaram um momento
especial de reflexão, com debates e troca de experiências.
Neste ano, o festival teve
uma "janela" especial à produção cinematográfica do Cambodja, país
onde a guerra e o uso das minas terrestres promoveram graves impactos sentidos ainda
hoje, deixando traços irreversíveis à população, especialmente no que diz
respeito à deficiências físicas. O Festival realizou uma homenagem ao
realizador Rithy Panh, com a exibição do clássico "Les gens de la
rizière" que participou da competição oficial do 47º Festival de Cannes, e
"L'image manquante".
Luana Dias, coordenadora da Mostra Cinema sem Diferenças e Flávia Vargas, programadora do FIFH, durante cerimônia de encerramento |
A Princesa Sylvia Sisowath, Secretária
do Estado do Gabinete privado de sua Majestade o rei do Cambodja Norodom
Siharmoni II, foi convidada a ser uma das madrinhas desta edição do FIFH,
participando ativamente e dividindo sua experiência com o público.
Outro ponto alto foi a
exibição do filme "First they killed my father" ("Primeiro
mataram meu pai"), uma superprodução da Netflix, que tem a atriz Angelina
Jolie assinando pela primeira vez a direção.
Dentre as
presenças ilustres, destaque para o realizador francês Yann Le Quellec, apresentando
na noite de abertura o filme "Cornelius, le meunier hurlant", uma
delicada história que passeia entre a fábula, a poesia e o gênero fantástico,
com uma excelente forma de refletir sobre o que é considerado
"diferente" numa sociedade, sem optar pelo lugar comum. O prestigiado
ator e diretor francês Gustave Kervern também atendeu ao convite do Festival,
apresentando seu filme "Aaltra".
A Bélgica
marcou presença com o realizador Harry Cleven, e seu lindo e profundo filme
"Mon Ânge", e a participação mais que especial do ator Pascal Duquenne, que foi membro do júri de
ficção. Dentre os seus trabalhos mais conhecidos, destaca-se a atuação de
Duquenne no filme "Le Huitiême Jour" de Jaco Van Dormael. Pelo
trabalho realizado, ele recebeu o premio de Melhor Ator do Festival de Cannes,
em 1996.
O Brasil também esteve em
destaque no FIFH 2019, conquistando o prêmio de "Melhor
Curta-Metragem Documentário" com o filme "Solares" de Manoela
Meyer.
"No
FIFH, nós sonhamos com um mundo melhor, onde viver juntos, com as nossas
diferenças será uma força, uma riqueza, um ativo. Carinho, amor, humor,
histórias fantásticas, deficiências visíveis ou invisíveis, mensagens de
esperança constituem as 'cores' e o diferencial de nosso Festival",
finaliza Katia Martin-Maresco, fundadora e diretora do FIFH.
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