Festival
de Parintins celebra o Folclore e a Cultura Popular Brasileira
Texto e fotos Luana Dias
Uma Ilha Encantada protegida pelas águas do Rio Amazonas,
onde durante três dias a paixão pela Cultura Popular marca o compasso ao ritmo
de toadas. Assim é Parintins, uma cidade no coração da Amazônia, onde há 52
anos é realizado no final de Junho, um
emocionante Festival Folclórico. Considerada
a segunda maior festa do Brasil, somente superada pelo Carnaval do
Rio, o evento mostra o “Boi-Bumbá”, a disputa entre dois grandes
grupos folclóricos da região, representados por ‘bois’ de pano: um branco com
um desenho de coração vermelho na testa, chamado Garantido; um outro preto, com
uma estrela azul, chamado Caprichoso. As torcidas de cada boi se convertem
em "nações" vermelha e azul, e a ilha se divide em Cores e Amores.
A festa é um exemplo real da
riqueza da cultura miscigenada do nosso país. A origem da celebração vem do
Maranhão, onde é realizado o bumba-meu-boi, que conta, através da encenação de
um auto, a história de Mãe Catirina, grávida, que tem o desejo de comer a
língua do boi mais querido da fazenda. Para atender ao pedido, Pai Francisco
mata o animal. Quando o Amo do Boi descobre, a tristeza acomete a Fazenda. A
história chegou à Amazônia a partir da migração nordestina, no início do século
XX; as famílias que se ali se instalaram, trouxeram também na bagagem sua Cultura
é Fé.
Pouco a pouco, em Parintins, a
encenação foi ganhando novas nuances e personagens, com a apresentação de
lendas e rituais indígenas típicos da região. O Pajé, a Cunhã-Poranga (mulher
mais bonita da aldeia), a Rainha do Folclore e a Porta-Estandarte entram em
cena. As histórias são narradas pelo trio formado por um apresentador, um
levantador de toadas - que canta as músicas durante todo o espetáculo, e o Amo,
que exalta seu Boi e desafia o "Contrário" (como é chamado o
adversário).
A exemplo da Ilha, que tem
uma divisão geográfica e "emocional" entre as duas torcidas
"azul" e "vermelha" o Bumbódromo em forma de arena também é
dividido em dois, onde a torcidas, chamadas de "Galera" de cada Boi
participam e são parte fundamental da festa. A "Marujada " do
Caprichoso e a "Batucada" marcam o ritmo durante delirantes cinco
horas de espetáculo por dia.
As criativas e suntuosas
alegorias são elaboradas exclusivamente por artistas locais, e montadas e
manipuladas sem nenhum artefato mecanizado, num ode ao conhecimento artesanal
do Caboclo amazônico. Em tempos de desilusão política e econômica, Parintins
vem para nos mostrar a força de um país que é capaz de celebrar o Amor, dando
uma injeção de otimismo e mostrando o quão capazes somos de fazer um Sonho
virar realidade.
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