por Ronaldo Arino
Isto é
mais do que verdadeiro. Nós podemos sim. Chegar aos sessenta anos de forma
saudável é possível, depende muito de nós. Já foi tempo que nesta idade as
pessoas eram velhas e, em sua maioria, acomodavam-se em uma aposentadoria, nem
sempre saudável.
Tudo
bem, as pessoas trabalham muitos anos e tem direito a sua aposentadoria. Esta
deveria ser só do trabalho, mas muitas delas se aposentam de tudo. Se acham
velhas e não se sentem estimuladas a fazer outras coisas como exercícios
físicos, passear, aprender coisas novas, descobrir uma nova faceta para a suas
vidas, passear, namorar, etc.
E por
que não? Sim, nós podemos. Podem existir algumas barreiras, mas não são
intransponíveis. São psicológicas, na maioria dos casos. Claro, chegando
aos sessenta devemos ter autocrítica condizente com a idade. É possível
namorar, se apaixonar, se feliz e ter o coração pulando pela boca. Mas
convenhamos, ser ridículo não.
Como
se numa festa uma garota linda parece estar olhando para você, só que a
diferença de idade beira lá pelos trinta ou quarenta anos. O primeiro
pensamento que devemos ter é, lembrando da personagem da nutricionista de
programa humorístico, dizer para nós mesmos: “isto não mais me pertence”!
Pronto, está resolvida a questão. De resto, podemos fazer tudo o que quisermos.
Escrevo
esta matéria focado nos sessentões, mas gostaria que fosse lido
e valorizado por todos a partir dos vinte anos de idade. A saúde da
terceira idade é construída no decorrer dos anos. Poderia dar exemplos de
muitas doenças mas vou citar a osteoporose. Doença que ataca principalmente as
mulheres no período pós menopausa e que, na maior parte dos casos, não
apresenta qualquer sintomatologia, é provocada pela diminuição da massa
óssea e pode ser prevenida se, desde a infância, tivermos uma dieta rica
em cálcio e realizarmos atividade física regularmente.
As
repercussões da osteoporose podem ser muito graves. Pessoas com esta doença
ficam muito vulneráveis a quedas, muitas delas banais, que podem ocasionar
fraturas, sejam elas do colo de fêmur ou de corpos vertebrais, com recuperação
arrastada, deixando os pacientes, às vezes, acamados pelo resto de suas vidas.
Posso
falar porque daqui a alguns meses vou completar 63 anos. Acredito, até que se
prove o contrário, e no meu último check-up estava tudo bem, de forma saudável.
Fazendo o que quero fazer, sempre com bom senso. Comendo bem,
equilibradamente, realizando atividade física, regularmente, me divertindo
e vivendo a vida, felizmente e bebendo meus vinhos e cervejas, moderadamente.
Adorava
jogar futebol com os meus amigos. Mas isto também “não mais me pertence”. Hoje
corro três vezes por semana e faço musculação outras três. Tudo, vamos
dizer assim, normal. Nelson Rodrigues dizia que “toda a unanimidade é
burra”, mas todo o radicalismo também.
Ter o
colesterol aumentado não é bom. Isto é correto. Mas é necessário que na nossa
alimentação comamos algo de colesterol porque ele também tem uma função
importante no organismo. O excesso é que deve ser evitado, assim como em tudo.
O
aparecimento das doenças tem vários “caminhos”. A causas hereditárias são
responsáveis por vinte por cento, os fatores ambientais outros vinte e a
dificuldade de acesso a um bom sistema de saúde por dez. Para quem já fez a
conta, temos até agora cinquenta por cento dos caminhos disponíveis. A
outra metade restante está relacionada ao nosso estilo de vida. É nesta faixa
que podemos atuar, estão ao nosso alcance. Depende de nós. Costumo dizer,
parodiando o livro, que este é o pedaço do queijo que podemos mexer.
Falo
isto porque apesar dos meus exames estarem normais, posso, de repente, ter
alguma doença. É possível, mas não deixo de fazer a minha parte e é isto que
incentivo a todas as pessoas: “Não deixem de fazer a sua parte”.
O
começo não é fácil e pode haver algum grau de sofrimento. A receita é
paciência. Não adianta querer mudar de um dia para o outro todos os seus
hábitos de vida, até então, ruins. Você não vai conseguir, vai ficar ansioso e
achar que é muito mais fácil deixar como está.
Então
comece devagar, de preferência com uma boa orientação profissional. Não adianta
querer resolver todos os problemas de um dia para o outro se anteriormente você
não teve nenhum cuidado com você mesmo. Se quando jovem achava que podia fazer
tudo pois seu corpo não reclamava de nada, você estava totalmente enganado. Os
que estão com vinte não costumam pensar como vão estar aos sessenta anos.
Talvez por isso, fumem, se alimentem mal e não façam atividade física regularmente.
Para
quem quiser fazer mudanças em suas vidas para ter melhor qualidade e saúde,
algumas dicas:
- Se é fumante tente parar imediatamente. É difícil devido a
dependência química que o cigarro causa, mas existem diversos programas de
auxílio em hospitais da rede pública e privada, ou até mesmo, nos planos
de saúde privados;
- Evite açúcar. Doces, coma de maneira parcimoniosa, sempre que
possível procurando os “diets”;
- Beba sempre muita água. Ela é importante para diversas funções
básicas do nosso organismo. Pelo menos 2,5 litros por dia é o indicado. Em
dias de muito calor, com mais perdas a quantidade ingerida deve ser maior;
- Coma bem. Folhas, frutas e legumes. Como esporadicamente carne
vermelha, prefira peixes e frango. Cinco a seis refeições por dia é o
ideal, ou seja, coma mais vezes por dia com menores quantidades em
cada uma das refeições.
- Não abuse dos cafés, chás e refrigerantes;
- Não esqueça dos exames preventivos, seja homem ou mulher. O
homem deve, anualmente, a partir dos 45 anos de idade, ter consultas
regulares com o urologista. As mulheres não devem esquecer de realizar,
regularmente, o auto-exame da mama e se consultar periodicamente com o
ginecologista;
- Previna-se do câncer de pele usando, sempre, protetor solar e
evitando demasiadamente o sol, principalmente no horário das 10 as 16
horas;
- Faça atividade física de maneira regular, pelo menos três a quatro
vezes por semana, procurando aliar atividades aeróbicas (caminhada,
bicicleta, corrida, natação) e de força (musculação);
- Faça exames laboratoriais, pelo menos uma vez por ano, para
acompanhamento da sua bioquímica do sangue;
- Não esqueça da sua carteira de vacinação. Os adultos também
precisam ser vacinados e existe um calendário de vacinação dos 20 aos 60
anos que deve ser cumprido. Após os 60 também existe um calendário de
vacinação próprio para a faixa etária.
Agora é com vocês. Querem
começar por onde?
Dr. Ronaldo Arino é médico, coordenador de
projetos na área de Saúde Ocupacional na Femptec - Fundação de
Empreendimentos, Pesquisa e Desenvolvimento Institucional, Científico e
Tecnológico do Rio de Janeiro e Diretor da WSO – medicina executiva. Ele
também é Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) e assina o blog Correndo pela vida – www.correndopelavida.com.br
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