quinta-feira, 9 de abril de 2020

Erika Ferreira: uma vida dedicada às Artes Cênicas


A atriz, diretora e professora de teatro morreu aos 39 anos, em Niterói, por coronavírus

Erika Ferreira em cena com a Oficina Social de Teatro
(foto reprodução facebook)
Uma das mais jovens e talentosas expoentes das Artes Cênicas, a atriz, diretora e professora de teatro Erika Ferreira faleceu em Niterói no sábado, dia 28 de março, aos 39 anos, por Covid-19. A artista - que tinha diabetes - foi internada na terça-feira, dia 24 de março, no Hospital de Clínicas Alameda, com dor no peito, tosse, febre e falta de ar, e não resistiu. Horas depois à sua internação, ela já precisou ir para a UTI onde foi mantida em coma induzindo e com respirador, vindo a falecer cinco dias depois. A notícia de sua morte precoce causou grande comoção da classe artística das cidades de Niterói e São Gonçalo e do estado do Rio de Janeiro.
Nascida em São Gonçalo, Erika era diretora da companhia de teatro Agromelados e participou de diversos trabalhos, dentre eles, o musical "É samba na veia, é Candeia", sobre a história do sambista. Erika se formou pela Escola de Teatro Martins Penna, e participou como atriz de vários espetáculos, entre eles "Tirico, a história de morros e fossos", sendo selecionado em diversos festivais e premiações. Ela era professora da Oficina Social de Teatro (OST) onde ajudou a formar uma nova geração de atores, além de participar de diversas montagens teatrais.
"Érika era uma pessoa extremamente criativa, inteligente e uma educadora excelente com as ferramentas de teatro. Todo nosso fazer metodológico foi sendo influenciado pela Erika: a maneira de interagia com o aluno, os espetáculos em sua condução  eram sempre grandiosos, não só no trabalho de ator, como também de estruturação da cena, estimulando a criação de núcleos de figurino, cenografia, sonoplastia. O estímulo e o trabalho que a Erika "injetou" na OST, nós pretendemos continuar", conta José Geraldo Demezio, diretor da Oficina Social de Teatro.
Antes de adoecer, Erika estava trabalhando nos ensaios de "Nas Águas de Iara - a lenda da Pequena Sereia". Outro projeto em andamento era o "Moleca de pé no chão", que conta a história de uma criança do meio urbano, abandonada pela sociedade, e tendo como pano de fundo a tragédia que aconteceu no Morro do Bumba, com deslizamento de terra e morte, em Niterói. Segundo José Geraldo Demezio, o sonho de Erika era de estrear este espetáculo em turnê pelas comunidades. Ambos os projetos já estavam sendo desenvolvidos em parceria com Sylvio Moura, dramaturgo, ator e companheiro de Erika, e terão seguimento sob a sua condução, a partir de agora.
"Eu e Érica éramos muito parceiros, nossa cumplicidade ia além do matrimônio. Nós nos encaixávamos: eu, como ator, escritor e na iluminação; ela como atriz, diretora, produtora e potência criativa. Trocávamos ideias e criávamos a todo momento. A Erika defendia a valorização de um teatro infantil de qualidade, um gênero muitas vezes tratado como menor. Por mais que este seja um momento triste e dor, a gente tenta ficar com o exemplo dela, focada no trabalho e na dedicação à Arte. O Teatro não era só meio de vida, mas sim era a vida dela", conta em tom emocionado Sylvio.
Em nota, a Secretaria Municipal das Culturas e a Fundação de Arte de Niterói prestaram sua homenagem à artista. Diversos atores e diretores teatrais também demonstraram sua tristeza.
"Nossa querida amiga Erika vá em paz! Nós que aqui ficamos, seguimos irmanados pela dor e fortalecidos no amor. Que todo esse sofrimento mundial acabe o quanto antes e que possamos nos transformar para melhor", disse a diretora Patrícia Zampirolli, através de suas redes.
"Acabo de saber. Não consigo escrever. Queria poder escrever, mas não consigo. Os planos de você me dirigir e de atuarmos juntas, a forma alegre, carinhosa e solidária como me recebeu na 'Martins', o Sarau, o Café Literário...Quando perdemos uma artista como você, uma pessoa como você.... dói mais. Dói muito. Todos os aplausos para Erika Ferreira!", escreveu a atriz Simone Kalil.




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