Por Amanda Raiter *
Não é só de
glamour das noivas ou de café da manhã com as mães que se vive Maio: o mês
também á nacionalmente dedicado ao combate ao abuso sexual de crianças e à
prostituição infantil, uma questão de saúde pública e de violação dos direitos
humanos. A proposta é, além de prevenir, cada vez mais lidar de forma mais
eficaz com o problema. Com experiência no assunto, a psicóloga clínica Raquel
Veloso explica que o ideal é priorizar o acolhimento e tratamento de toda a
família da criança.
“A violência sexual sofrida por uma criança ou
adolescente acarreta vivências traumáticas e a família tem papel primordial
para o restabelecimento emocional da criança. Além disso, a responsabilização
do autor é um fator que favorece a melhora da vítima, contribuindo para que
esta seja acredita em seu sofrimento”, diz.
A
especialista alerta que abordar o tema com a vítima em caso de suspeita não é
tarefa fácil e recomenda uma equipe multidisciplinar para a atuação.
Entretanto, mesmo sem conhecimentos técnicos da psicologia, os responsáveis
podem ficar atentos a alterações no comportamento ocorrida repentinamente.
Segundo Raquel, as crianças, sobretudo as menores, poderão apresentar
dificuldades em manifestar verbalmente o seu sofrimento devido às ameaças ou
até relação com o autor.
“A
estratégia é observar, pois os sinais de sofrimento psíquico poderão ser
expressos em distúrbios de sono (terrores noturnos) e alimentação (como
anorexia e bulimia), agressividade, crises de choro constantes, episódios de
xixi na cama mesmo após superado anteriormente, baixa autoestima, queda no
rendimento escolar ou dificuldades importantes de aprendizado, isolamento
social, além de somatizações no corpo como constantes dores de cabeça. A
criança ainda pode possuir uma importante inquietação ou querer evitar no
contato de determinado sujeito ou situação, como por exemplo, ir à casa de
determinada pessoa. Além disso, a manifestação de comportamentos hipersexualizados
precocemente poderão ser assinaladores que o infante esteja sendo exposto à
violência sexual”, lista a psicóloga.
A psicóloga Raquel Veloso faz alertas sobre a abordagem do tema |
Raquel
Veloso ainda alerta para a condução dos desdobramentos após da notícia de
violência sexual e de como isso pode influenciar negativamente no futuro da
vítima, podendo ocasionar suicídio, distúrbios e até nas escolhas para
parceiros com potencial para fazer o mesmo com uma nova geração.
“A criança
não pode ser desacreditada no seu sofrimento ou esta poderá terá
prejuízos na sua capacidade de percepção da realidade, logo, os vínculos de
confiança nos adultos e no meio em que vive são significativamente
prejudicados. Existem pesquisas científicas que apresentam diversas desordens
emocionais em pacientes expostos a situações de violência sexual. Entre tais
desordens estão: vivências depressivas, maior risco de suicídio, fobias,
ansiedade generalizada, distúrbios alimentares, prejuízos na maturidade sexual
(impossibilidade de ter prazer na relação sexual), bloqueio sexual,
promiscuidade ou prostituição, agressividade extrema, uso abusivo de drogas,
entre outros. Além disso, a experiência clínica demonstra que mulheres
que foram vítimas na infância poderão apresenta dificuldades em proteger seus
filhos, e até mesmo, fazer (inconscientemente) escolhas amorosas por homens
agressores”, finaliza a especialista.
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