sábado, 11 de maio de 2019

Mães (e mulheres) possíveis


Histórias de vida plurais que se cruzam em redes de apoio em torno da maternidade

Por Luana Dias

No mês de Maio, o jornal CASA DA GENTE inicia uma série de reportagens que irá trazer à tona o perfil de mulheres contemporâneas que se conectaram entre si, e decidiram unir forças num dos momentos mais singulares da vida: ser mãe.
Bombeira, produtora de cinema, analista de sistema, dona de casa, atleta, biomédica: mulheres com perfis tão diferentes entre si, mas que buscam juntas o caminho de uma maternidade mais sensível, livre, pessoal e envolvida por uma rede de apoio de troca de experiências e aprendizados.
Dia após dia, elas tentam compreender os obstáculos, respeitar os limites pessoais, ter paciência e se desvencilhar de culpas e medos que podem atingir a mulher durante esta fase. 

Ludmilla Abreu
Moradora do bairro do Engenho do Mato, a atleta e dona de casa Ludmilla Abreu tem 32 anos é mãe do João, que veio a falecer aos 5 meses de idade, devido a complicações uma má-formação congênita, e da pequena Manuella, de 2 anos e 4 meses.  
"Durante o período em que minha filha está na escola, eu aproveito para treinar, ou realizar alguma atividade relacionada a esporte.  Quando ela está comigo, eu me divido na função de dona de casa e mãe", conta.
Com a  maternidade, Ludmilla acredita que aprendeu a ter mais paciência.
"Depois que tive a Manu,  tive a percepção de que tudo passa e as coisas sempre se encaixam. Manu é super criativa, falante, expressiva. Não gosta de grude (igual a mãe!), adora animais e a natureza".
"Ser mãe é...
cansativo. É a primeira palavra que passa pela minha cabeça, que resume bem o nosso dia-a-dia".  

Ana Carolina Kuntz
Aos 23 anos de idade, a biomédica Ana Carolina Kuntz é mãe de Júlia, com 2 anos e 5 meses. Moradora do bairro de Itaipuaçu, em Maricá, ela vive uma rotina intensa que começa pela manhã, quando cuida da filha, e segue à tarde, quando dedica tempo aos estudos.
"Enquanto Júlia está na escola, eu cuido da casa e tento estudar para ingressar no Mestrado. A rede de apoio formada por mulheres salva a nossa sanidade mental, e nos faz sentir um pouco menos sozinha", conta.
Ana Carolina diz que a maternidade mudou completamente a sua vida: de jovem estudante e frequentadora de baladas, ela se viu convidada a uma transformação contínua, que a torna mais empática, principalmente com as outras mulheres.
"Ser mãe é ...
nunca mais estar só, mas às vezes se sentir sozinha".

Paula Lagoeiro
Paula Lagoeiro é produtora executiva de Cinema e TV e mãe do Otto de 1 ano e cinco meses. Moradora do bairro do Pé Pequeno, em Niterói, ela  tem 35 anos e uma rotina atribulada. Todos os dias, ela deixa o filho na creche e sai cedo em direção ao trabalho, que fica no Centro do Rio. Paula conta com a ajuda da mãe que  busca o filho, para que ela possa ter tempo de cruzar a ponte e voltar para o reencontro com o seu pequeno.
"Esse é o melhor momento do dia: nosso tempo para brincar e nos divertir, nos olhar e aprender. Meu marido exerce plenamente seu papel de pai e companheiro, então compartilhamos os cuidados com o Otto e das demandas da casa na parte da noite", conta.
Paula assume que nem sempre é fácil se equilibrar entre as demandas pessoas e profissionais. 
"Às vezes ainda falta tempo pra mulher, quando a profissional e a mãe estão em campo. A rede de apoio é de extrema importância para saber que não estamos sós ou loucas", afirma.
Ser mãe é...
busca por uma escuta cada vez ativa e aumento da paciência. É o exercício constante do amor.

"Ser mãe é viver uma eterna contradição entre desejos e culpa"

Lays Delfim
Lays Delfim tem 26 anos e é Bombeiro Militar, e mãe da Elisa de 1 ano e 3 meses. Moradora de São Gonçalo, ela trabalha três vezes por semana, e por conta da maternidade e pela escolha de seguir amamentando até pelo menos sua filha completar 2 anos, ela resolveu  adaptar ao máximo sua rotina de trabalho para poder dormir mais em casa com a sua pequena. Porém, quando Lays tem plantão de 24h no quartel, alguém da rede de apoio leva a bebê até seu trabalho para que ela possa amamentar.
"Tento ir à academia nos dias em que vou trabalhar, para ter um tempinho exclusivamente meu. Meu marido também trabalha por escala, então tentamos conciliar os dias trabalhos e folga para os cuidados da pequena. Minha avó e minha sogra cuidam dela quando as escalas não coincidem " relata sua rotina.
Para ela, a rede de apoio é essencial para poder dividir tarefas, cuidados e conversa.
"O nosso grupo de 'puérperas' é a rede mais linda de apoio que tive, é muito acolhimento. Imprescindível para sabermos que a maternidade é difícil pra todas e não estamos sozinhas nessa", confidencia.
"Ser mãe é ...
viver uma eterna contradição entre desejos e culpa. A maternidade mudou completamente minha forma de enxergar o mundo, as relações, as pessoas. Mas principalmente a me importar com a forma de criação das nossas crianças que são nosso futuro.

Geovana Silva
Geovana Silva tem 39 anos, é Analista de sistemas  e mãe da Mariana, 1 ano e 8 meses. Residente no bairro de Jardim Alcântara, em São Gonçalo, ela se divide entre o trabalho e os cuidados com a filha.  Na parte da manhã, se prepara para levá-la à creche; enquanto está por lá, ela faz alguns serviços domésticos.
"Depois que vou buscá-la, volto a me organizar do jeito que dá, a rotina de cuidar da casa e da 'cria' tem consumido praticamente todo o meu tempo. Estou desempregada desde a gestação e buscando recolocação profissional", conta.
Para ela, a rede de apoio se torna um lugar essencial onde se pode desabafar, e reconhecer que as mulheres passam por problemas e desafios similares, mesmo sendo tão diferentes nos aspectos social e cultural.
"Se sentir acolhida e acalentada, motivada e confiante não tem preço", afirma.
"Ser mãe é...
abdicar da vida pessoal, social e profissional em prol do melhor desenvolvimento e bem estar do filho. Nossas prioridades pessoais mudam e no lugar, temos uma preocupação constante em sermos melhores como pessoa, em todos os aspectos".

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