quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Cinema sem diferenças

Niterói irá receber em agosto uma mostra internacional inédita de filmes com temática voltada à inclusão da pessoa com deficiência

Estudantes lotaram as sessões especialmente dedicadas a eles
(fotos Luana Dias)

Por Luana Dias
Um cinema em que todos são iguais, sem diferenças. Foi realizado no início de fevereiro, na cidade de Lyon, na França, a terceira edição do "Festival International Du Film Sur Le Handicap " (FIFH), com uma extensa programação de filmes que envolvam pessoas com deficiência, tanto na temática quanto na equipe. O Festival aconteceu em diferentes locais da cidade, entre eles, o edifício histórico do Mercure Lyon Centre Château Perrache, a sala de Cinema Opera, a Universidade Lumière Lyon 2 e o Instituto Lumière, uma das grandes referências da história do cinema francês e do mundo.  
A CASA DA GENTE Produções participou do evento, com o desafio de trazer pela primeira vez este Festival ao Brasil: em agosto, será realizada a Mostra "Cinema sem Diferenças", com uma seleção de filmes de todo mundo, premiados no evento francês. Niterói abrigará essa experiência, importante iniciativa de difusão e inclusão. O projeto foi selecionado pelo primeiro edital do Audiovisual da cidade de Niterói, promovido pela Prefeitura através da Fundação de Arte, em parceria com a Ancine.
A Mostra Cinema Sem Diferenças será realizada no Cine Arte UFF - uma das mais tradicionais salas de cinema da cidade. Todas as sessões serão gratuitas. A Mostra irá integrar o Seminário de Acessibilidade Cultural, realizado pelo Centro de Artes UFF, ampliando ainda mais o alcance da discussão sobre o tema. Além do Cine Arte UFF, a Mostra terá também uma sessão especial na Câmara Municipal de Niterói, através do Espaço Cinema.
Princesa Sylvia Sisowath, do Cambodja; o ator belga Pascal Duquenne,
Patricia Malissart, da Handicap International, e o realizador francês
Yann Le Quellec marcam presença no FIFH
"Estamos trabalhando para oferecer sessões de cinema com audiodescrição, legendagem descritiva e intérprete de Libras, apostando na acessibilidade e inclusão do conteúdo audiovisual", explica Luana Dias, coordenadora da "Mostra Cinema sem Diferenças", em Niterói.
Já estão confirmadas as presenças internacionais de Katia Martin-Maresco e Flavia Vargas, respectivamente programadora e diretora do FIFH em Lyon.
O projeto conta com o patrocínio da Prefeitura de Niterói, através do programa "Niterói - Cidade do Audiovisual",  e o apoio do Centro de Artes UFF, da Câmara de Vereadores de Niterói e da  Coordenadoria de Acessibilidade de Niterói. Para que a Mostra seja ainda mais abrangente, a produção está agora buscando mais apoios, parcerias e patrocínios.
"Gostaria de convidar a todos, sejam profissionais, voluntários, especialistas da área, integrantes de associações, professores e mesmo cidadãos e espectadores - a se juntarem ao projeto", finaliza Luana Dias. Para mais informações, basta entrar em contato pelo telefone/whatsapp: (21) 9 9888 9666 ou pelo e-mail editoracasadagente@gmail.com .

A festa de encerramento foi bastante concorrida
Destaques da programação
A 3ª edição "Festival International du Film sur le Handicap", que acaba de ser realizada em Lyon, proporcionou não só uma excelente e intensa jornada de filmes longas e curtas-metragens, como também conferências, música, dança, e ricos encontros e intercâmbios, refletindo sobre o Audiovisual e sua relação na temática da Acessibilidade e Inclusão das pessoas com Deficiência em todo mundo. Realizadores, produtores, roteiristas do Brasil, França, Argélia, Itália, Bélgica, Taiwan, Cambodja entre outros países marcaram presença no evento.
As sessões voltadas para o público juvenil, realizadas com centenas de alunos de escolas públicas de Lyon, numa parceria com o Ministério da Educação Nacional e da Juventude proporcionaram um momento especial de reflexão, com debates e troca de experiências.
Neste ano, o festival teve uma "janela" especial à produção cinematográfica do Cambodja, país onde a guerra e o uso das minas terrestres promoveram graves impactos sentidos ainda hoje, deixando traços irreversíveis à população, especialmente no que diz respeito à deficiências físicas. O Festival realizou uma homenagem ao realizador Rithy Panh, com a exibição do clássico "Les gens de la rizière" que participou da competição oficial do 47º Festival de Cannes, e "L'image manquante".
Luana Dias, coordenadora da Mostra Cinema sem Diferenças
e Flávia Vargas, programadora do FIFH, durante cerimônia
de encerramento
A Princesa Sylvia Sisowath, Secretária do Estado do Gabinete privado de sua Majestade o rei do Cambodja Norodom Siharmoni II, foi convidada a ser uma das madrinhas desta edição do FIFH, participando ativamente e dividindo sua experiência com o público.
Outro ponto alto foi a exibição do filme "First they killed my father" ("Primeiro mataram meu pai"), uma superprodução da Netflix, que tem a atriz Angelina Jolie assinando pela primeira vez a direção.
Dentre as presenças ilustres, destaque para o realizador francês Yann Le Quellec, apresentando na noite de abertura o filme "Cornelius, le meunier hurlant", uma delicada história que passeia entre a fábula, a poesia e o gênero fantástico, com uma excelente forma de refletir sobre o que é considerado "diferente" numa sociedade, sem optar pelo lugar comum. O prestigiado ator e diretor francês Gustave Kervern também atendeu ao convite do Festival, apresentando seu filme "Aaltra". 
A Bélgica marcou presença com o realizador Harry Cleven, e seu lindo e profundo filme "Mon Ânge", e a participação mais que especial do ator  Pascal Duquenne, que foi membro do júri de ficção. Dentre os seus trabalhos mais conhecidos, destaca-se a atuação de Duquenne no filme "Le Huitiême Jour" de Jaco Van Dormael. Pelo trabalho realizado, ele recebeu o premio de Melhor Ator do Festival de Cannes, em 1996. 
O Brasil também esteve em destaque no FIFH 2019, conquistando o prêmio de "Melhor Curta-Metragem Documentário" com o filme "Solares" de Manoela Meyer.  
"No FIFH, nós sonhamos com um mundo melhor, onde viver juntos, com as nossas diferenças será uma força, uma riqueza, um ativo. Carinho, amor, humor, histórias fantásticas, deficiências visíveis ou invisíveis, mensagens de esperança constituem as 'cores' e o diferencial de nosso Festival", finaliza Katia Martin-Maresco, fundadora e diretora do FIFH.

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