quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Festival do Rio realiza exibições de mais de 200 filmes no Rio e em Niterói

Evento comemora sua 20ª edição com um catálogo diversificado de filmes e nacionalidades. Até 11 de novembro, serão exibidos títulos de aproximadamente 60 países, incluindo novidades de diretores consagrados, além de espaço para debates, workshops e seminários sobre o mercado audiovisual

Por Marcella Vieira*


Um dos maiores eventos de cinema do país, o Festival do Rio dá o pontapé inicial para sua vigésima edição nesta quinta-feira, dia 1º. Até dia 11 de novembro, pouco mais de 200 filmes de cerca de 60 países serão exibidos em diversas salas do Rio de Janeiro e de Niterói para alegria dos apaixonados pela sétima arte. Tradicionalmente realizado em outubro, as dificuldades causadas pela diminuição de patrocínios – o que já provocou mudanças no Festival desde o ano passado, quando passou a não ser mais apoiado pela Prefeitura do Rio, até então sua maior parceira – fez com que o calendário da maratona cinéfila atrasasse.
Apesar de um número menor de títulos (ano passado foram cerca de 250), não faltarão grandes estreias de diretores conhecidos e filmes que passaram com sucesso por festivais internacionais. A começar pela abertura, que ficará a cargo de “As Viúvas”, de Steve McQueen, diretor do 'oscarizado' “12 anos de escravidão”. Protagonizado pela premiadíssima Viola Davis, o filme terá exibição especial no Cine Odeon nesta quinta, a única antes de entrar no circuito normal, no final de novembro. Já o encerramento será com “O Grande Circo Místico”, de Cacá Diegues, obra que representa o Brasil na tão sonhada vaga de indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Trailer de "As viúvas", filme que será exibido na abertura do Festival do Rio 

E por falar em filmes brasileiros no Oscar, o clássico “Central do Brasil”, que também comemora – pasmem! – 20 anos de lançamento, será exibido em duas sessões especiais, incluindo uma, sábado (03/11), no Estação Botafogo, que contará com as presenças de Fernanda Montenegro (indicada a Melhor Atriz pelo filme em 1999), Vinicius de Oliveira e o diretor Walter Salles. Como parte da mostra Clássicos & Cults, além de “Central...”, outros três clássicos do cinema nacional serão exibidos em cópias restauradas: “Pixote – A Lei do Mais Fraco”, de Hector Babenco, e “Rio 40 Graus” e “Rio Zona Norte”, obras fundamentais e inspiradoras para a geração do Cinema Novo, ambas de Nelson Pereira dos Santos, o grande homenageado do Festival. Falecido em abril deste ano, o cineasta foi o criador do curso de Cinema da Universidade Federal Fluminense (UFF), em 1968, e membro da Academia Brasileira de Letras. 

Mostras e diretores consagrados
Sessões de cinema do Festival são disputadas
(foto divulgação)
Além das noites de abertura e encerramento, 10 mostras darão o tom de pluralidade do Festival. A principal delas, "Panorama do Cinema Mundial", é a que traz as maiores estreias e os títulos mais aguardados, quase todos já exibidos em outros festivais nacionais ou internacionais. Filmes de figurões do cinema europeu, como Lars Von Trier e Mike Leigh, nomes consagrados do cinema americano, como Spike Lee, Gus Van Sant, Jason Reitman, Julian Schnabel e Barry Jenkins (de “Moonlight”, vencedor do Oscar 2017), além dos premiados “Assunto de família” e “Em chamas”, vencedores da Palma de Ouro e do prêmio da crítica em Cannes deste ano, respectivamente, “Não me toque”, Urso de Ouro no Festival de Berlim 2018, e “O mau exemplo de Cameron Post”, Grande Prêmio do Júri de Sundance (principal festival do cinema independente) no início do ano.
Mostras já tradicionais do evento, como "Expectativa", "Midnight", "Première Latina" e "Geração", estão garantidas. "Film Doc", "Midnight Docs" e "Itinerários Únicos" também integram o pacote, que tem na Première Brasil uma das maiores vitrines do cinema nacional, algumas das exibições de filmes responsáveis pelas principais sessões de gala do evento.
Serão 84 produções nacionais (ou coproduções), sendo 64 longas e 20 curtas. Desse número, 48 longas estarão na "Première Brasil", enquanto algumas produções nacionais estarão distribuídas em outras mostras como "Expectativa" ("Palace II – 3 quartos com vista para o mar" e "Pedro e Inês", uma coprodução Brasil, Portugal e França), Panorama ("O olho e a faca" e "Cano cerrado") e Midnight Docs ("Amazônia Groove" e "The Cleaners", coprodução Alemanha e Brasil).
A Première Brasil engloba também uma das partes mais aguardadas do evento: as premiações, tanto por parte do público (que escolhe seus preferidos nas categorias ficção, documentário e curta) como por parte do júri oficial – que terá, entre seus integrantes, os cineastas Joel Zito Araújo e Lúcia Murat –, que elege os melhores também nas categorias ficção e documentário.
Outra mostra competitiva dentro da "Première Brasil", que também conta com júri especializado, é a "Novos Rumos". Dedicada às obras de novos diretores com propostas diversificadas de linguagens cinematográficas, ela exibirá sete longas e sete curtas em sua seleção. Os filmes premiados escolhidos pelos júris oficiais receberão prêmios de R$ 200 mil para melhor longa de ficção da "Première Brasil" e R$ 100 mil para melhor longa da mostra "Novos Rumos".

Circuito e exibições em Niterói
Nos últimos anos, o Festival tem escolhido diferentes sedes para suas edições. São os QGs do evento, nos quais diversos profissionais – convidados, imprensa, organizadores e cineastas, entre outros – se encontram e participam de debates, palestras e conferências que movimentam o mercado audiovisual da cidade.  Espaços importantes do cenário carioca como o Centro Cultural da Ação da Cidadania, Armazém da Utopia (ambos na Zona Portuária) e Hotel Nacional já foram sedes em edições anteriores. 
Em 2018, o ponto de encontro do Festival será a Casa Firjan, espaço recém-inaugurado (aberto ao público em agosto deste ano) em Botafogo, bairro que reúne algumas das salas mais tradicionais do evento: Estação Botafogo e Estação Rio, ambas na rua Voluntários da Pátria.
Os outros espaços onde serão exibidos alguns dos principais títulos do Festival também são bastante conhecidos do circuito cinematográfico carioca, todos na Zona Sul: Roxy, em Copacabana, Estação Gávea, Estação Ipanema, São Luiz, no Catete, Instituto Moreira Salles, na Gávea, Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo.
No Centro da cidade, além do Odeon, o Centro Cultural da Justiça Federal, na Cinelândia, receberá sessões especiais e gratuitas de filmes brasileiros da Mostra Geração. Já a Zona Norte conta com um representante solitário: o Ponto Cine, em Guadalupe. 
"D.P.A. - o filme terá exibição gratuita no MAC, em Niterói
Niterói é a única cidade fora do Rio a receber a programação do evento. O Museu de Arte Contemporânea (MAC) receberá sessões ao ar livre nos dias 9 e 10 de novembro, sexta e sábado, às 19h, com as produções nacionais “Altas expectativas” e “Detetives do prédio azul – o filme”. Já o tradicional Cine Arte UFF e a sala 1 do espaço Reserva Cultural de Niterói exibirão diversos filmes das principais mostras.
A programação completa do Festival, com o circuito de exibição e preços de ingressos, pode ser conferida no site oficial do evento. A revista com toda a programação pode ser baixada aqui. 

RioMarket 2018
Em paralelo à exibição de filmes, o RioMarket é tido como a área de negócios do mercado audiovisual do Festival do Rio. A edição de 2018 será na Casa Firjan, de 5 a 10 de novembro. Com uma intensa programação, que reunirá mais de 80 palestrantes, o evento leva ao Rio uma série de seminários, workshops, debates e rodadas de negócios com produtores, players e profissionais da indústria do audiovisual. Algumas atividades são gratuitas, mas as inscrições prévias são necessárias para a maior parte dos painéis. A programação e os valores podem ser consultados em www.riomarket.com.br 

*Marcella Vieira é jornalista e mestre em Mídia e Cotidiano pela UFF.  

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Lisboa e turismo, uma relação em crise

Documentário português acompanha com ironia as recentes mudanças na paisagem urbana lisboeta decorrentes do crescimento do turismo

Por Cristiana Giustino*
(de Lisboa, especial para o CASA DA GENTE)


Rooftop de turistas no doc AlisUbbo (foto divulgação)

Sob intenso nevoeiro, pouco a pouco um transatlântico engole o horizonte da cidade. Um balé de gruas de construção emoldura esta que é a primeira cena de Alis Ubbo (2018), documentário de Paulo Abreu que teve sua estreia mundial no DocLisboa, festival internacional de documentários. No filme (cujo título em fenício significa porto seguro)somos apresentados à cidade de Lisboa e sua história através dos audioguias e dos relatos de um desiludido condutor de tuk tuk, cicerone do espectador pelas ruas do centro histórico. Estas fontes de informação, meio duvidosas e por vezes contraditórias, contribuem para a atmosfera de ironia e distopia que o diretor imprime na sua obra.

Mais certas são as informações transmitidas pela fictícia Rádio Tuk Tuk, escutada diariamente pelo protagonista do documentário. “Há 9 turistas para cada habitante da cidade”, informa o locutor da rádio. De fato, segundo o Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo (IPDT), nos últimos anos, o número médio de turistas que visitam Lisboa anualmente é de 4,5 milhões, número nove vezes superior ao número de moradores, que é de 504 mil. Em Barcelona, o número de turistas é cinco vezes superior ao de moradores, e em Londres, quatro vezes maior do que o número de residentes.


A Rádio Tuk Tuk de Alis Ubbo contribui à narração do documentário


Também vem da Rádio Tuk Tuk a informação de que já chega a 34% o percentual de imóveis do centro ocupados por estrangeiros. Ou seja, mais de 1/3 das casas do centro histórico de Lisboa são utilizadas como residência temporária de turistas.O dado, cuja fonte é o Jornal de Negócios, abrange moradias de bairros como Alfama, Mouraria, Castelo, Baixa e Chiado.

Os brasileiros têm contribuído para esta realidade. O número de turistas provenientes do Brasil que visitaram Portugal em 2017 é de quase 870 mil, um recorde, com crescimento de 39% face ao ano de 2016, ficando atrás apenas do número de visitantes do Reino Unido, Alemanha, Espanha e França. Parte considerável dos brasileiros tem como destino a cidade de Lisboa, contribuindo à média de 4,5 milhões de visitantes ao ano.

"Não tenho nada contra o turismo", disse o diretor Paulo Abreu na sessão première do seu filme, ocorrida dia 20 de outubro. Mas ratifica a impressão, recorrente entre seus conterrâneos, de que a população local têm sido expulsa de sua própria cidade. O filme é um reflexo, poético, da “discussão de relação” que os lisboetas vêm travando com instituições públicas que deveriam regulamentar práticas abusivas de hospedagem e controlar a especulação imobiliária.

O turismo, comumente relacionado ao desenvolvimento local, promotor de aumento de renda e emprego, tem também seus efeitos colaterais: infraestruturas sobrecarregadas, impactos negativos sobre a natureza, ameaças à herança cultural e habitantes empurrados para fora das cidades. Segundo o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês), Lisboa está entre as cidades onde os serviços públicos estão mais pressionados e a gentrificação, comum nesses casos, também tem se ampliado.

Ninguém nega que o turismo foi essencial para a retomada do crescimento econômico da cidade após a crise de 2008. Porém, as estratégias de fomento ao turismo adotadas em nível governamental, estimulando investimentos estrangeiros no centro histórico, vêm contribuindo para desequilíbrios na ocupação do tecido urbano.

Os mais atentos, ao caminharem pelas freguesias centrais da cidade, podem perceber uma imobiliária a cada esquina com anúncios de imóveis para compra e aluguel em suas fachadas. Por outro lado, há prédios inteiros, reabilitados e em excelentes condições de habitação, que se encontram fechados, dando sinais de que há uma bolha imobiliária prestes a explodir.

Protesto do movimento "Morar em Lisboa", 

realizado em abril de 2017

O Movimento Morar em Lisboa (MML), integrado por mais de 30 associações locais, ressalta os problemas de habitação que os lisboetas vêm enfrentando em decorrência do turismo e das políticas adotadas. Os valores de habitação subiram drasticamente de 2014 a 2017. Houve inflação de 13% a 36% nos alugueis e de 46% nos valores dos imóveis à venda. Assim, a oferta de locação por longa duração tem se tornado cada vez mais escassa.


Em contrapartida, a Rádio Tuk Tuk e Alis Ubbo anuncia também a tendência crescente da diminuição do número de turistas das ruas de Lisboa, que estão começando a preferir Turquia e Egito, destinos considerados mais baratos. Lisboa subiu 44 posições no ranking de cidades mais caras para se viver (Estudo Global Mercer 2018), assumindo a 93ª posição, superando inclusive o Rio de Janeiro, que perdeu 43 posições e agora ocupa o 99ª lugar.

* Cristiana Giustino é gestora e produtora cultural

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Niterói tem programação especial no Dia Nacional do Livro


Projeto Literatura na Varanda promove evento com a participação de escritores na Fundação Municipal de Educação
  
O escritor Jordão Pablo de Pão, membro titular da Academia
Niteroiense de Letras será o mediador do evento
(foto: divulgação) 
O projeto Literatura na Varanda promove na próxima segunda, dia 29 de outubro, a partir das 16h, o Dia Nacional do Livro. O evento terá a participação dos escritores: Anabelle Loivos Considera, Fernanda Bortone, Paulo de Carvalho, Tchello D'Barros e Winter Bastos. A mediação será feita pelo escritor, produtor literário, revisor de texto, professor de Literatura e Língua Portuguesa e Membro Titular da Academia Niteroiense de Letras Jordão Pablo de Pão. O evento tem entrada franca e será realizado no Auditório Amaury Pereira Muniz, na Fundação Municipal de Educação. O evento é uma parceria com a Coordenação de Promoção da Leitura (SEMECT/FME).


O projeto Literatura na Varanda, organizado por Tânia Ribeiro Roxo, promove encontros literários desde 2016. De acordo com ela, este é o segundo ano em que a data é comemorada. “´Não podemos deixar passar em branco uma data como essa. O incentivo à leitura tem toda importância para a formação de leitores e seres humanos melhores em nossa sociedade. Como dizia Monteiro Lobato: ‘Um país se faz com homens e livros’, comenta.
A criação do "Dia Nacional do Livro" faz referência a data de fundação da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. A fundação ocorreu em 29 de outubro de 1810 pela Coroa Portuguesa. Na época, foi trazido para o local um grande acervo da Real Biblioteca Portuguesa. A obra de Tomás Antônio Gonzaga "Marília de Dirceu", em 1808, foi o primeiro livro editado no Brasil. Hoje, a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro é a maior da América Latina e está entre as dez maiores do mundo.
Durante o encontro, haverá doação de livros e os participantes estarão autografando as suas obras. Outras informações através do contato (WhatsApp): (21) 99117-1324. A Fundação Municipal de Educação fica na rua Visconde do Uruguai, 414 - Centro – Niterói.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

O fantasma da censura ronda... Portugal

Um dos principais festivais de cinema do país denuncia pressões diplomáticas sobre sua programação

Por Cristiana Giustino *
(de Lisboa, especial para o CASA DA GENTE)

O DocLisboa, festival internacional de cinema dedicado ao documentário, acontece este mês em várias salas da capital portuguesa. São 243 longas, médias e curtas de 54 países, inclusive do Brasil, exibidos nos “ecrãs” lisboetas, como chamam por aqui as telas. Aplaudido pela crítica mundial especializada e amplamente reconhecido pelos principais festivais internacionais do gênero, o DocLisboa acumulou mais de 350 mil espectadores ao longo de suas 16 edições. Mas a grandeza e importância do festival não impediram que este sofresse, por parte de duas Embaixadas, investidas oficiais para mudanças em sua programação.

Segundo Cíntia Gil, uma das diretoras do festival, é a primeira vez que o DocLisboa sofre pressões diplomáticas. "Considero que o filme de Aliona Polunina é uma prova de apoio desta à política agressiva do Kremlin a respeito da Ucrânia", lê-se na carta enviada pela Embaixada da Ucrânia à direção do festival. O objetivo era retirar da programação o filme Their own Republic, de Aliona Polunina, selecionado para a competição internacional.

Their own Republic, alvo da diplomacia ucraniana

O outro foco de pressão teria vindo da representação turca, que questionou a redação das sinopses de dois dos filmes em programa. A “queixa” foi feita numa reunião da direção do festival com uma representante da embaixada da Turquia, a pedido desta. A representante queria a retirada das sinopses de dois filmes – Yol: The Full Version e Armenia, Cradle of Humanity– das expressões "aniquilação do povo curdo" e, referindo-se à Arménia, "local de um dos genocídios mais violentos do século passado".

As referidas pressões não funcionaram. A direção do DocLisboa trouxe a público os fatos e tanto filmes quanto as redações originais das sinopses foram mantidos na 16ª edição do festival.

Documentários brasileiros

O Brasil tem cinco títulos presentes na programação. Alma Clandestina (2018), de Jose Barahona, tem estreia mundial em Lisboa e apresenta a biografia da ativista política Maria Auxiliadora Lara Barcelos, que lutou contra a ditadura brasileira nos anos 1960, foi presa, torturada e banida do Brasil, suicidando-se em Berlim, em 1976. Na mostra Cinema de Urgência temos Operações de Garantia da Lei e da Ordem (2017), de Júlia Murat, que trata das disputas de narrativas em torno das manifestações de junho de 2013.

Alma Clandestina, de Jose Barahona

Também presentes o média-metragem Ava Yvy Vera- A Terra do Povo do Raio (2016), realizado por um coletivo indígena, que conta a história da resistência deste povo, e ainda os curtas Maré (2018), de Amaranta Cesar, e Tabu, Propriedade Privada (2018), de Maria Ganem, uma coprodução Brasil e Portugal. O primeiro retrata três gerações de mulheres quilombolas e suas inquietações. O segundo problematiza o encontro entre os europeus e nativos do Taiti a partir de registros de viagem dos anos 1960.

O Brasil conta também com a presença de dois jovens realizadores brasileiros nas oficinas do DocLisboa. A roteirista mineira Deborah Viegas traz seu texto Amor e Medos Estranhos, à Oficina de Escrita e Desenvolvimento de Projeto, tutorada por Marta Andreu. De Fortaleza vem o produtor Leonardo Moura Mateus com o projeto Crime, para a Oficina de Desenvolvimento em Diálogo tutorada por Andrés Duque.

Alguns destaques da programação

Homenagem a Luis Ospina – O mais importante realizador colombiano contemporâneo é o convidado de honra do DocLisboa. Fundador do Grupo de Cali e expoente do cinema independente da Colômbia, Ospina é autor de uma vasta filmografia, entre ficções, documentários e filmes experimentais, que trabalha a intersecção entre audiovisual e artes visuais, apresentando uma sociedade colombiana para além dos estereótipos.

Parceria entre DocLisboa e ModaLisboa – O principal evento de moda da cidade aliou-se ao festival de cinema para a sessão de estreia do filme Westwood: Punk, Icon, Activist, sobre a dama do punk rock Vivienne Westwood. A diretora do doc, Lorna Tucker, debate moda e ativismo com a designer e pesquisadora Olga Noronha.

Olhar crítico sobre mudanças na cidade de LisboaAlisUbbo (2018), do português Paulo Abreu, acompanha com ironia os dois últimos anos de mudanças na paisagem urbana lisboeta em decorrência do grande crescimento do turismo.

O distópico Alis Ubbo

O novo Fahrenheit de Michael Moore – Não se trata de Fahrenheit 9/11, de 2004. O realizador exibe no DocLisboa seu novo documentário, Fahrenheit 11/9, em que busca entender como Donald Trump foi eleito. Moore havia previsto a vitória do milionário seis meses antes das eleições de 2016.

Um filme que dura quase o dia inteiro – Filmado entre 2005 e 2017, Dead Souls (2018), uma coprodução China e França, dá voz aos sobreviventes de um capítulo sombrio da história da China: os campos de “reeducação” chineses, campos de trabalho forçado. A projeção é, por assim dizer, intensa. São mais de 8 horas de duração.        
                                           
*Cristiana Giustino é gestora e produtora cultural